segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Talvez por ser Natal...

Numa croniqueta como esta, sem pretensões, os temas nem sempre são actuais – depende para que lado corre o vento e do momento em que me disponho a alinhar as palavras.

Hoje, por exemplo, o sol entra pela janela, pisca os olhitos por entre as nuvens, e boceja - sinal de que se prepara para adormecer. Como o tempo está em sossego, melhor assim, apetece-me participar no Natal, escrevendo...

As manifestações de uma festa Universal como esta têm várias leituras. Fico-me por aquela que mais toca os sentimentos solidários de quem, nesta época, desenvolve acção meritória junto dos mais necessitados, embora me falte o termo certo para enaltecer, com rigor, o espírito de amor que leva pessoas a alguns sacrifícios, com o intuito de aliviar momentaneamente o sofrimento do seu semelhante.

Assim sendo, sinto-me culpado por não proporcionar um Natal mais quentinho (talvez menos molhado) a certa família, cuja habitação necessita com urgência de um telhado novo. Faço do silêncio “mea culpa” em letra de forma, mas nem assim alivio a consciência, que pesa “toneladas”...

Arrasto mais dois amigos, ainda em silêncio, e partilho com eles todo esse peso/pesado, mas não assobio para o lado, como se o assunto fosse desconhecido dos três. Hoje à tarde, no café, “li” no olhar da dona da casa alguma tristeza. A ausência do sorriso costumeiro, que acompanha a salvação, ausentou-se para parte incerta e, claro, a minha consciência ficou pintalgada com tons de cinzento. Acabei por me “refugiar” no alívio da lembrança de um momento idílico, onde interveio o “Fota” (que estava de saída do café) e a “jasmim”...

Pela pressa com que acelerou a sua “motoreta”, o “Fota” devia estar atrasado na ronda à quinta do “outro lado do rio”, onde a “ruça”, a “mulata”, a “jasmim”e o “chico”, entre outros caprinos com nome de gente, andam à solta, felizes e contentes da vida, no meio do cercado que os protege de uma fatídica queda nas águas do Alva, e/ ou se afastem dos domínios que lhes estão reservados.

O “Fota” é, diga-se de passagem, “engenhocas” conceituado na região, astuto, e com conhecimentos empíricos acima da média; de voz forte e timbrada, ninguém diria que “trava diálogo” com os seus animais de forma comovente – mas é o que acontece, como tive ocasião de constatar!

Subi a rua, ainda com a imagem do “cumprimento” entre a “benjamim” e o “Fota” na mente, mas a ausência do sorriso da dona da casa, que necessita de um telhado novo, não me dava descanso, talvez por ser Natal, digo eu...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Obra do "destino"

Dizem que a vida dá muitas voltas, não acredito: somos a imagem e semelhança dos destemidos motoqueiros do poço da morte, que é a própria vida, tal qual a descreve Sérgio Godinho numa analogia a condizer. Para mim, a canção é boa de ouvir, porque vai de encontro a um dos meus pensamentos quando a noite é de insónias.

“...A gente gira e nos ouvidos os motores vão formando melodias / cantadas logo em coro / p’ra conjurar avarias...”! Nem mais: somos nós a dar umas voltinhas pela dita cuja (vida), que está muito sossegadinha em algures, daí que não possamos assacar-lhe quaisquer responsabilidades, dada a ausência (?) do destino – haverá destino?

Aqui fica uma das minhas dúvidas, que é capaz de estar relacionada com a falta de religiosidade – nada a fazer, enfim, de tanto querer saber sobre o assunto (e nada sei!) tornei-me agnóstico; mas que acontecem coisas estranhas “ao destino das casualidades ou coincidências”, ninguém o nega. Os espanhóis não acreditam em bruxas, mas sempre vão dizendo que las hay, hay – exactamente como eu, “portuga” de gema, quando navego nas dúvidas das minhas constantes confusões sobre destinos, coincidências e/ou casualidades...

Estava entregue a estas idiotices, que não levam a sítio nenhum mas sempre servem para alguma coisa, como, por exemplo, zurzir o (meu) pensamento nesta hora tardia, bem avançada na madrugada, ou fazer com que o leitor fique a meio da leitura desta croniqueta, e decidi parabenizar publicamente alguns dos amigos com quem partilhei excelentes momentos durante anos e agora alcandorados em lugares de enorme responsabilidade cívica,

A Democracia tem destas coisas bonitas: o Povo escolhe, e pronto - vence quem contabiliza o maior número de votos!

José Carlos Alexandrino, António Lopes, Francisco Rolo, Rui Dias, Nuno Oliveira e outros ilustres cidadãos de Oliveira do Hospital (como o João Soares, o Barreto, o Paulo Marques, e o Ricardo Brito, que não se meteram em andanças políticas...) fazem parte da minha pequena lista de amigos do peito, de quem tenho saudades. A ausência do convívio com todos eles é, por mim, encarada como mera causalidade... ou será obra do “destino”?

Como qualquer pessoa, continuo a dar umas voltinhas pela vida; se “estavam escritas”... não faço a mais pequena ideia – “...A gente gira e nos ouvidos os motores vão formando melodias / cantadas logo em coro / p’ra conjurar avarias...”!

domingo, 6 de setembro de 2009

Forno comunitário

Na aldeia, em tempos que há muito se fixaram nas memórias de alguns concidadãos, havia um forno comunitário, que apresenta excelente estado de conservação.

sábado, 5 de setembro de 2009

Artesão





















António Moreira

Artesão prestigiado do meu "sítio", trabalha o xisto com inusitada paciência e sentido estético. As suas "casinhas" estão espalhadas pelo mundo, o que muito nos honra.

domingo, 23 de agosto de 2009

"Águia real"


No "recreio da Escola Secundária de Arganil, está em exposição este bonito exemplar de ´"águia real", feito de garrafas de plástico vazias.Há mais "animais" expostos, mas a "águia", pela sua imponência, equilíbrio de formas e pose, dá nas vistas - como o Benfica, neste advento do campeonato...

sábado, 15 de agosto de 2009

"Colaço"

Um recanto do "meu" rio, sábado, fim de tarde.Fora do enquadramento, mais abaixo, quarenta pessoas usufruiam da piscina natural...

sábado, 1 de agosto de 2009

"A Comarca de Arganil" continua suspensa

Fui à vila, passei pela "rua da Comarca" e senti uma "sensação estranha" quando olhei a loja, que sempre conheci de portas abertas.
Do jornal, nem é bom falar, escrevendo saudades.
Mais de um século de vida, que continua "suspensa", fazem da "Comarca de Arganil" um caso raro de longevidade no jornalismo regional.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Alberto Martins de Carvalho


A profissão de jornalista em tempos de transição” é um excelente exercício de ideias que o director do Correio da Beira Serra, Henrique Barreto, trouxe à luz do sol – digo bem, luz do sol, porque a liberdade, para ser visível, necessita de “luz”, de preferência a que nos aquece e ilumina de borla.
Vem este propósito de enveredar pelas “ideias dos outros" – como se alguma delas fosse minha! - o facto de ter passado a vista e as mãos pelas doze páginas do número zero de hebdomadário Tábua/Arganil Notícias.
Posso ter uma ideia sibilina e permanecer calado, em sossego pela inércia do “não vale a pena, deixa-me estar quieto”, mas não é bem esse o jeito de me fazer entender, na linha de João Carreira Bom, Roby Amorim, e outros ilustres camaradas com quem privei no extinto O Século, ou do Henrique Barreto, amigo de alguns anos, e parece ser, também, o mote de quem dá corpo e (alguma) alma ao novel jornal, nascido “ali ao lado”. Posto isto, vamos ao pormenor (da ideia!) que trago à croniqueta.
Era adolescente quando conheci o insigne pedagogo Alberto Martins de Carvalho, licenciado em Direito e Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra. Quando tomou conhecimento de que tínhamos as mesmas origens (Barril de Alva), procurou-me no Liceu D.João III., em Coimbra; desse (s) encontro (s), guardo poucas memórias.
Bastante mais tarde, trinta anos depois de África, fiquei a conhecer com algum pormenor a sua carreira académica, e soube que “… nas décadas de 20 e 30 do século passado, foi um dos grandes vultos intelectuais de Coimbra, privando com nomes como Miguel Torga (a quem apresentou Fernando Valle), Paulo Quintela, Vitorino Nemésio, José Régio e outros…”, (in Universidade Fernando Pessoa). Mais recentemente, com agrado, tomei nota da sua incursão no jornalismo, ao estilo das figuras que são referidas atrás, isto é: sem papas na língua, preciso nas ideias, vincando o seu carácter iluminado de homem livre. Foi assim que fez carreira, nas palavras sábias de Fernando Valle.
Os tempos actuais não são diferentes dos de outrora, quando se manifesta a verticalidade de qualquer cidadão, seja em que circunstância for.
No campo específico do jornalismo, existem agora outros suportes para dar a conhecer a notícia, passar ideias, divulgar conhecimentos, e será por aí, sem dúvida, que passa o próximo futuro, talvez em exclusividade, com as edições electrónicas dos jornais a justificarem aposta segura, mas, como refere o director do CBS, “…como todo este conjunto de meios tecnológicos, está indissociavelmente dependente da Internet, é importante que os jornalistas, “em tempos de transição”, se apercebam de como é que este fenómeno comunicacional está a evoluir em Portugal…”.
Se fossem vivos e no activo, não tenho qualquer dúvida em acreditar que homens do gabarito intelectual de Roby Amorim, João Carreira Bom, e sobretudo do meu conterrâneo (também) jornalista Alberto Martins de Carvalho – que recordo, para que as memórias não fiquem vazias de si – com facilidade abraçariam as novas tecnologias, usando-as como meio rápido e eficaz de se fazerem ouvir!
Dirão: nada se compara ao folhear do jornal impresso, o cheiro da tinta, enfim… – sou pelo romantismo de algumas tradições, mas quando se trata de divulgar informação, através das edições impressas, o “agora” já é “passado”!
Vida longa ao Tábua/Arganil Notícias, que surge nas bancas quando ainda se “chora” o passamento da Comarca de Arganil.

domingo, 21 de junho de 2009

Margem esquerda

Desci à "Fonte dos Passarinhos", na margem esquerda do "meu" rio", em Vila Cova de Alva. Olhei a paisagem e fiquei preso a uma árvore nua, teimosamente "de pé". Guardei-a no recanto da memória que reservo ao belo.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ricardo, “Original FM”


O mundo do Ricardo está (quase) confinado à segurança do lar, onde se movimenta com total à-vontade, como é normal…
O quarto, que serve de “local de trabalho”, fica no 1º andar e é daí que comunica com o mundo.
Abençoada Internet!
Não se pense que o Ricardo, vinte e um anos de sonhos por cumprir, usa as novas tecnologias para aceder exclusivamente aos sítios de conversação, longe disso: munido de dois computadores, um microfone e uma pequena mesa de mistura, criou uma estação de rádio, que mantém no “ar” dia após dia, sem interrupção.
De original tem o nome: “Original FM”.
A Rádio, pela sua mão, “passa música” – é esse o seu principal papel ….
O Ricardo é, pois, radialista e acumula as funções de produtor, realizador e locutor, “ganha asas nos treinos” e um dia, quem sabe, é bem capaz de voar em busca de novos horizontes. Essa é a sua meta.
Por agora, se sintonizarmos o Rádio Clube de Arganil, à tarde, em 88.5, ou à noite, entre as 20 e as 22 horas, o Rádio Dueça, de Miranda do Corvo, na frequência 94.5, poderemos aquilatar a sua competência, que é imensa.. As emissões são feitas a partir do seu estúdio privativo.
Faço da estória do Ricardo assunto desta croniqueta porque existe um pormenor que o diferencia da maioria de todos nós, mas não faz dele pessoa diferente: é invisual de nascença!
Não passa de um “pormenor”, de resto é igualzinho a qualquer outro na esperança de ter o seu emprego, de onde obtenha proveitos para um futuro em sossego junto da família que há-de ter, e espera ser completamente feliz!
Fez o nono ano de escolaridade, teve aulas de mobilidade durante três anos, estudou Braille, frequentou a ACAPO em Coimbra, onde “…aprendeu imensas coisas “ – diz, mas a Rádio é a”menina dos seus olhos”!
Se fosse possível, transformava o seu sonho em realidade, juntava-lhe todas as cores do arco-íris, e fazia dele um profissional de Rádio; ou então, com mais umas pinceladas no currículo, alterava-lhe o ritmo dos dias e seria recepcionista. Em qualquer destas ocupações, o Ricardo está como “peixe na água”, mas haverá outras onde pode ser útil à sociedade, a tempo inteiro…
A Ciência colocou à sua disposição um sintetizador de voz para a informação escrita, que lhe permite “ler” tudo o que estiver no ecrã do computador.Com os “olhos da alma”, nada escapa à hipersensibilidade da sua atenção, e gosta de se manter informado dos pormenores que fazem girar o mundo, porque ele acha que basta um pormenor para fazer toda a diferença – e faz! Sobre isso, o Ricardo é “catedrático” no pensar e veloz nas palavras:
Sou um rapaz normal, como os outros”!

terça-feira, 12 de maio de 2009

O “estádio” do Artur



Aninhado no sopé do monte, o rectângulo não deve ultrapassar os cinquenta metros quadrados. Em cada canto, uma estaca delimita o espaço. E há duas estruturas de madeira erguidas ao alto, a “fazerem” de balizas, porque é de um “estádio” que se trata, na imaginação do pequeno Artur, quatro anos de gente…
Nota-se que o “ervado” merece cuidados técnicos, mas não há marcações, e o “penálti”, se o houver, é para cobrar mais ou menos a meia dúzia de passos da imaginária linha de baliza. Certamente, o Artur, o primo João, bastante mais crescido (vai nas treze primaveras), e o Paulo, pai do Artur, não se importam mesmo nada com as “faltas”; árbitro também não deve haver, por isso, vamos ao jogo!
A bola está à espera – já lá estava, sozinha e “triste”, quando a descobrimos no “estádio vazio”, meia escondida pela “relva” – faltam os atletas e o público, possivelmente reduzido à mãe do Artur, se os afazeres lá por casa estiverem de folga.
Convém que as duas equipas tenham número igual de jogadores; à hora do jogo, devem surgir mais uns quantos amigos e então sim: começa a partida!...
… Talvez nada aconteça como imagino, e tudo não passe de uma brincadeira familiar, sempre se exercitam os músculos e o Artur dá asas ao sonho de chutar a bola num campo a sério, com balizas e tudo!...
Hoje, de manhã, li um excelente trabalho sobre o negócio das escolas de futebol, onde se realça o facto dos miúdos pagarem (os pais por eles…) determinada verba para aprenderem os truques do jogo; à tarde dei de caras com este “campinho”, quase à beira da estrada de quem vai de Vila Cova de Alva a caminho de Avô, um pouco antes da saída para Anceriz.

À falta de estruturas desportivas por estas bandas, onde as crianças se entretenham nos tempos livres, a arte e o engenho de quem aproveitou determinado espaço e o adaptou a “campo de jogo” não podia ficar sem a devida nota…
O escrito sobre as escolas de futebol, a que tive acesso, deixa no ar uma questão pertinente: quem não tem disponibilidade económica, não pode ter um filho a aprender o abecedário da modalidade?
Uma bola feita a partir de uma meia, cheia de folhas de jornal, é memória dos mais antigos; o jogo acontecia onde muito bem calhava, as pastas da escola faziam de baliza, e gritava-se goooooooooolo com o mesmo entusiasmo com que se ouve nos grandes estádios! Nasceram grandes jogadores nessas partidinhas de fim de tarde ou durante o tempo de recreio na escola…
Desconheço se o menino Artur, que “treina” num campinho à porta de casa, procura imitar as fintas e remates do seu ídolo; se há admiração, por exemplo, pelo Cristiano Ronaldo, é bom que saiba, daqui a uns tempos, quais foram os princípios do seu “herói” na prática do jogo da bola.
Já agora, ainda lhe digo que o “grande” Eusébio chutava descalço durante as intermináveis partidas que tinham lugar na terra batida e poeirenta da Mafalala, em Moçambique, e nem por isso deixou de chegar onde chegou…
Que o jogo comece lá para as bandas de Anceriz, sem árbitro nem marcações no “relvado” – desde que a bola “pule e avance”, os sonhos são todos dele, do Artur, o dono “estádio”!
“Bora” lá, Artur, chuta-me essa bola, que o guarda-redes “estás de costas”!
Goooooooooolo!!!

Confrades

Vale a pena conhecer as sensibilidades dos amigos António e Nuno Espinal através dos blogs de que são autores:

O "Chiado"


Do meu sítio eram naturais os fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado. Por aqui ergueram obra de vulto, como uma sucursal dos ditos armazéns. Da "casa de férias" ( o palacete, de que há imagens neste espaço) ao estabelecimento, pouco é de aproveitar sem intervenção radical...
Imagine-se este espaço nos anos cinquenta. Além da venda de mercearia, materiais de construção, tecidos e outros "luxos", ainda tinha uma taberna nas traseiras. Central telefónica e posto dos correios - havia de tudo um pouco no "centro comercial" do Chiado.
Na mesma rua, mais acima, havia outro espaço do género. Junte-se outra taberna, um talho e um ferreiro e fica-se com uma ideia da importância da aldeia...
...A Filarmónica era (e continua a ser!) a menina bonita das gentes do meu sítio - Barril de Alva.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Nas asas do sonho, a caminho do Piódão

“Lena”:
Há dias lembrei-te as férias que Agosto coloca no passaporte; este ano, a sugestão do nosso Governo, em nome de todas as crises, é bem clara: vai para fora… cá dentro!
Como o vai/vem das ondas do mar cansa alguns sentidos, e a “tua” serra tem as vertentes pouco íngremes, convidei-te, se bem te lembras, para uma visita ao Piódão, que fica logo ali, do outro lado da “minha”serra.
Se decidires aceitar o convite, ficam garantidos horizontes fascinantes, para lá de todos os montes, precipícios de meter medo e, bem lá no fundo, aldeias inteiras que nem imaginas com vida – mas ela existe, e as pessoas sobrevivem às custas daquilo que a terra dá e pouco mais…
Aconselhava o percurso mais curto; se vieres desses lados, de cima, entras em Coja, segues em frente, sobes para a Cerdeira, continuas a subir sempre… sempre… sempre, e logo vês uma placa: Piódão, para “este lado”, para a esquerda.
Aconselhava, disse, mas desaconselho, porque a estrada está um horror, tens de levar o carro a passo de caracol (o que também não é mau, sempre vês melhor a paisagem, e não arriscas nenhum susto se, em sentido contrário, aparecer pela frente outra viatura).
Mesmo assim, depois deste alerta (a Câmara Municipal de Arganil por certo desconhece a situação em que se encontram os buracos, por isso “sobra” pouca estrada…) se queres, aventura-te. Se vieres com sede de água fresca, a meio da viagem tens a fonte do “Pião”; pára, da mão fazes concha, e bebes até doer a garganta, porque a água chega gelada.
Com a sensibilidade à flor da pele, já deste como boa a minha sugestão, e ainda não chegaste ao alto do Piódão, falta pouco…
De volta à gincana entre os buracos, não te apresses, … um pouco mais e… parece que te deu uma “coisa”: num segundo ficas com o olhar preso naquele amontoado de casas escuras, muito juntinhas – parecem uma só, com muitas dependências!
Stop!!!
Então, não dizia? Ficaste sem palavras perante o panorama incomensurável que vais guardar para todo o sempre no arquivo da memória!
Antes de desceres (a estrada continua ruim, e lá mais abaixo pior ainda por causa de algumas obras - cuida-te!) deves perfilar-te perante a lembrança dos passos de Miguel Torga, que por ali andou e aí se “despediu de Portugal”, “com o protesto do corpo doente pelos safanões tormentosos da longa caminhada…”. A “pedra bruta”, com a frase completa está mesmo aí, à tua frente, depois daquelas urzes, vês?
Continua a viagem devagar; se decidires pernoitar, faz a reserva na pousada que fica à tua direita – dizem que o serviço é excelente, nada me diz que o não seja; garanto, isso sim, o silêncio dos montes!
Finalmente, o largo da Igreja! Vê como o monumento tem o branco de todas as purezas, como o gostar de quem gosta do que é puro, como o ar que respiras na “minha” serra!
A partir daqui, não te conduzo os passos, mas vai por mim dar uma palavrinha ao senhor Lourenço, que tem uma venda com o seu nome. Mas só uma palavrinha; se for com a tua cara (é que vai mesmo, sendo tu como és…) não te larga com estórias – mais de mil! - que diz ter escritas em setenta agendas! Já agora, dá um salto ao “Solar dos Pachecos” e prova um dos deliciosos licores que tens à disposição, mas aquilo trepa, se abusares, já sabes...
No regresso, sugiro outra estrada com melhor piso, em direcção a Vide. É mais longe, mas compensa.
A meio caminho, encontras Chãs d’ Égua. Vai com tempo para ficares largos minutos na descoberta de vestígios de Arte Rupestre. E há paisagens de sonho, trabalhadas pelo Homem, casas, pontes, uma delas suspensa, única. Tudo parece arrumado num tempo que se mantém igual, à excepção das estradas e caminhos por onde se chega mais rápido – estradas e caminhos que a população usou para fugir das leiras, das encostas, dos animais que parece nunca terem existido, e das pedras, das pedras com as quais se construíram casas…cobertas de pedras.
A aldeia é linda para quem continua na viagem com a sensibilidade à flor da pele.
Para voltares a casa basta seguires as “placas”, mas se trouxeres o GPS, nem delas precisas!

Convenci-te com a ideia?
Um abraço, que vai daqui até aí.

segunda-feira, 30 de março de 2009

De volta ao Piódão

Da planície alentejana até aos vales profundos da "minha" serra para uma viagem única!
No dia do passeio, trocámos conversas com um simpático casal, vindo de Évora. A Ana Rute "desvendou mistérios" nas ruas estreitinhas e ficou presa pelos sentidos a este recanto...
A janela bem podia ter sido recriada pela Maluda, enriquecendo o acervo do belo que nos deixou

terça-feira, 3 de março de 2009

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Nas margens do (meu) rio

O Carlitos pastoreia o rebanho da família

Como no filme de Jorge Pelicano, "Ainda há pastores" no meu sítio.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O alambique

A "ti" Aida passa dos noventa, o Armando dos sessenta - gente boa do meu "sítio".Um dia destes fui honrado com o convite para um churrasco enquanto o alambique destilava aguardente de medronho - coisa da memória para os mais novos porque a tradição já não é o que era. Resta a "ti" Aida... e o Armando, que vem da cidade para não deixar morrer hábitos antigos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"Por este rio abaixo" aventurei-me por terras de África, viajei pela Europa, num salto fui à América..."

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A escadaria do Prédio do Chiado

...Há mais de meio século, o senhor Nunes dos Santos, apoiado numa bengala, descia por esta escadaria e vinha ao recreio da escola oferecer rebuçados aos alunos - eu era um deles!

O palacete, semi abandonado, pertence aos herdeiros dos fundadores dos Grandes Aramzéns do Chiado.Imponente no cocuruto de uma colina do meu sítio, namora as duas serras irmãs: Estrela e Açor.À distância, contempla-se a estética do edifício...