terça-feira, 9 de novembro de 2010

UM DIA (QUASE) PERFEITO

"...À sobremesa, fez-se silêncio porque o som de vinte e poucos talentosos intérpretes muito jovens - o maestro idem - era fantástico, harmoniosamente perfeito..."
Sendo Domingo, acordei cedo, repousado e  bem-disposto. Se vieram sonhos, ficaram na almofada, que continua silenciosa – melhor assim nas noites dos pesadelos, hoje não se justifica que fique muda, digo de mim para mim.
Desço à cozinha, o café acabado de fazer tem o sabor das variedades Arábica e Robusta, segundo o rótulo. O cheiro intenso agrada-me; bebo o bastante para acompanhar duas torradas.
Volto ao 1º andar, preparo um banho bem quente, coloco o chuveiro a jeito e “mergulho” em dezenas de fios de água!
O rádio portátil, peça indispensável de todas a manhãs, dá-me música sem palavras. Gosto da melodia que vem do solo do piano, a  sobressair de outros sons…
Apresso-me com a roupa. Coisa rara: hoje usarei gravata!
Volto a descer as escadas. Na mesa da cozinha, uma rosa em botão e um cravo cor de vinho tinto. A mãe, com sacrifício no andar, abeirou-se das plantas que insistem em brindar-nos no Outono com flores e colheu duas: a rosa cor-de-rosa e o cravo cor de vinho tinto.
Beijei a mãe Natália – parabéns, disse eu, por ser mãe, mas quem acrescentava mais um ano aos restantes era eu. Quantos? Muitos! Sorrimos os dois…
Havia festa na Banda do Barril de Alva, que comemorava 116 anos! O almoço prometia ser surpresa, não pela ementa, mas pelo modo como seria confeccionado: os ingredientes  colocados em panelas de ferro e estas no lume da fogueira, à "moda antiga", do tempo em que poucos possuiam fogões a gás …
Centena e meia de pessoas - para mais, não para menos! – e eu na lista dos convidados pela inerência de um cargo público que tento desempenhar na medida das minhas virtudes; sendo poucas, faço o que posso (lá vem a lembrança de Torga: "quem faz o que pode, faz o que deve"...).
Canja de galinha e  cozido à portuguesa. Confirmam-se os dizeres das cozinheiras: comida assim, só no tempo dos nossos avós e aqui na Beira Serra, que é onde melhor se misturam os paladares da canja, do cozido, do arroz doce, da tigelada, do cabrito “à moda do Barril de Alva” (procurem no Google…), do bucho “à moda de Vila Cova” e mais e mais…
Vinho da região, não aprecio. O Armando  trouxe um “alentejano de 1985” de estalo! Se a garrafa tivesse sido aberta pelo menos uma horinha antes… – comentei para a vereadora da cultura, sentada à minha direita. Bebericámos o suficiente, nem de mais nem de menos. Na hora dos discursos, cada um deu o seu recado, seguros e aprumados nas palavras.
 No palco, por detrás das cortinas, os músicos da FILARMONIA de Lobão, Santa Maria da Feira, afinavam os instrumentos de forma suave…
À sobremesa, fez-se silêncio porque o som de vinte e poucos talentosos intérpretes muito jovens - o maestro idem - era fantástico, harmoniosamente perfeito.
Entre outros estilos, peças musicais dos grandes mestres do jazz e dos blues – como se fosse num sonho e num outro sítio, do outro lado do mundo!
 ”My Way”! Só falta o Frank Sinatra para adoçar ainda mais a melodia – comentei com a doutora Paula Dinis, que continuava sentada à minha direita, tão embevecida quanto eu com o concerto…
A meio da tarde, pensei que o dia de Domingo seria magistral… antes de acabar!
Erro meu, ”má fortuna” nos meus desejos, cilindrados por cinco golos de um dragão que chispa labaredas.
… Não fora isso e o meu dia de domingo tinha sido… quase perfeito.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

"Amola-tesouras"






Um dia destes, em Coja, deparei com uma das minhas memórias de menino.Fica a imagem do "Nokia" como registo do momento solene de uma "gaitada" enquanto não chegavam os clientes...