sexta-feira, 14 de outubro de 2022

"Uma terra que Deus ajardinou para estância de repouso"



PALACETE 
A inscrição na fachada  mostra as iniciais do nome de Abílio Nunes dos Santos
 e o ano de 1916


A croniqueta da semana passada, intitulada “Percebe-se que o Barril de Alva está na moda”, estimula o “sonho” do restauro da Freguesia e manifesta o regozijo de alguns dos meus conterrâneos sobre o negócio das casas devolutas do Barril de Alva - não de TODAS, mas das que têm os horizontes desimpedidos.
Diz quem tem conhecimentos do assunto que, no Barril de Alva, as melhores casas (depende do ponto de vista…) disponibilizadas para o negócio “estão todas vendidas”! As que sobram, afiançam, não têm interesse para o mercado dos ”colonizadores que falam estrangeiro” - não é o caso do palacete “cor-de-rosa, de quando em vez chegam notícias de interessados nas “vistas largas”, e isso é coisa que o edifício tem de “borla”, de cortar a respiração!
Lamento a degradação da propriedade, que pertence aos herdeiros dos fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado; lamento como barrilense e vizinho residente, logo “informador à mão de semear” sobre determinados pormenores do passado do Barril de Alva, incluindo o palacete. Dos Grandes Armazéns do Chiado, a informação é tanta que dava para rechear o antigo “Centro Comercial do Barril” - e não sei se o espaço seria suficiente para acolher o acervo documental que, creio, ainda era possível catalogar…
Todos os dias são domingo”, por isso ocupo o tempo com alguns vícios, como imaginar o futuro da minha terra.
São poucos, os barrilenses residentes - posso exercitar o pensamento com uma conta de somar, bairro a bairro, sem errar o cálculo. Cometer o mesmo cansaço mental com os ”novos residentes barrilenses”, que “falam estrangeiro”, é difícil e complicado, por diversas razões…
A propósito da dificuldade no “acerto” da contabilidade dos residentes que “falam estrangeiro”, sem profecia de qualquer espécie nem adivinhação empírica, “penso de mim para mim”:
- O que esperar dos ”novos barrilenses”, que “falam estrangeiro”, alguns com apetência de viajantes, sem poiso certo, outros, na maioria reformados, a caminho de uma outra viagem para parte incerta, sem retorno? Os novos proprietários terão seguidores nesta aventura, longe do seu país de origem?
Pelo “andar da carruagem”, olhamos e damos conta que “o comboio”, com paragem no apeadeiro do Barril de Alva, transporta pouco sangue novo - sem a aragem da juventude irreverente e criativa não existe o futuro que se deseja!
… A não ser que o título da publicação brasileira de 1932 seja uma premonição.


Carlos Ramos


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

"Cuca", como os barrilenses





No currículo de Maria Isabel Rebelo Couto Cruz
 Roseta nada consta sobre eventuais ligações à
Beira Serra, concretamente ao Barril de Alva, onde nasci. É por isso que tenho o “cognome” de  “Cuco”- eu e todos os que vieram ao mundo neste território bonito de ver.
Desconheço as origens  do epíteto “Cuco”, como os  naturais  de Coja questionam a razão de serem  conhecidos por “Bezerros", os de Arganil apelidados de “Pintassilgos”, “Corvachos” os de Vila Cova de  Alva...  etc, etc.
Maria Isabel Rebelo Couto Cruz Roseta também é “Cuca”, Cuca Roseta,  cantora.
A coincidência dos cognomes tem a sua graça.
Certa vez nasceu a ideia “brilhante” de nomear Cuca Roseta “embaixadora” dos “Cucos”  barrilenses. Por ser “Cuca”!
No devido tempo seguiu a "carta", via correio eletrónico, onde se argumentava a ousadia do convite, propondo-lhe uma visita “oficial” ao Barril de Alva  em dia de aniversário  da extinta freguesia. Nesse dia, com pompa e circunstância, Cuca Roseta seria “adotada” como “filha” do Barril de Alva.
Sendo de festa, o dia, a “nossa” Cuca Roseta por certo guardaria na memória recordação a condizer com a importância da sua honrosa participação na efeméride.
…Como se sabe, nem todas as cartas têm resposta.

Carlos Ramos
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Adaptação da croniqueta publicada no dia 18 de junho de 2020 no blogue "Sarabanda"

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Percebe-se que o Barril de Alva “está na moda”


Eu e o “Bello”, o cão, companheiro de caminhadas pelas ruas do meu sítio, de manhã e ao fim do dia, damos preferência aos percursos pouco sinuosos, ao contrário de quem escolhe o sobe e desce dos carreiros de pé posto e outros caminhos de terra batida.
Quase nunca nos cruzamos com outros seres humanos, mas pelas obras que se vislumbram aqui e ali, percebe-se que o Barril de Alva “está na moda” no que à aquisição de casas devolutas diz respeito. E ainda bem, ganhamos (quase) “todos”: quem vende e quem compra, o comércio local, as zonas de lazer e a aldeia, que aumenta o número de residentes. A troca de experiências culturais com os “novos barrilenses”, vindos de outros países, pode ser enriquecedora - “basta querer” esse tipo de partilha, tendo em conta o respeito por hábitos e costumes das diferentes comunidades.
A aldeia, em si, também merecia outros “ganhos”: se a comunidade estrangeira tivesse a maioria dos seus integrantes com a residência perfeitamente legalizada, assumiriam direitos e deveres, fariam parte dos cadernos eleitorais, contribuindo deste modo para “sonharmos” com a aplicação da Lei n.º 39/2021, de 24 de junho, que define o regime jurídico de criação, modificação e extinção de freguesias e revoga a Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro (de má fortuna para o Barril de Alva), que procede à reorganização administrativa do território das freguesias.
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Volto ao começo desta croniqueta sobre caminhadas – (…) pelas obras que se vislumbram aqui e ali, percebe-se que o Barril de Alva “está na moda” . 
Um exemplo de bom gosto:
- Acompanhei a construção de raiz do “ninho” do jovem casal barrilense José Garcia / Ana Rocha, o que permitiu “adivinhar” as suas noções estéticas. Moderna e funcional, a nova “casa cor-de-rosa”, vizinha de uma outra, agora decrépita mas ainda imponente, impõe-se na paisagem da meia encosta com uma vista soberba para a Serra do Açor.
Precisamos - o Barril de Alva precisa! - de gente nova capaz de criar condições que permitam a sua fixação na "ex/futura freguesia" do Barril de Alva…
- Sonho? Sonho – “… é uma constante da vida / tão concreta e definida / como outra coisa qualquer…” – António Gedeão, “Pedra Filosofal”.
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Carlos Ramos

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Barril de Alva -2009/2013

"A Comarca de Arganil" destaca obra feita

 "A Comarca de Arganil" do passado dia 31 de outubro de 2013 publicou um extenso artigo sobre  o trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos pelo finado executivo da ex Freguesia do Barril de Alva. Mais do que alimento para o ego do trio que alindou, recuperou e inovou o Barril de Alva, esta peça  do centenário e prestigiado  semanário, escrita pelo José Moreira, é um documento para memória futura, a juntar a tantas outras que relatam o esforço, vontade e sacrifício dos barrilenses  "... que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando..." - Luís de Camões - Os Lusíadas. 
(Perdoe-se a analogia com os heróis de antanho de quem, alguns de nós, apenas herdaram a força da vontade...).
Os membros do último executivo da Junta de Freguesia do Barril de Alva cumpriram o seu dever num tempo que foi o último de oitenta e nove anos de História.




sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Os "Jograis da Fonte Lourenço"

"Jograis da Fonte Lourenço"
José Castanheira, Acácio Simões e Chico Gouveia

Houve um tempo, na minha juventude, em que a arte de poetizar em grupo - os “JOGRAIS”- estava na moda. Tinha especial apreço pelos "Jograis de S. Paulo" e, de memória, lembro O Dia da Criação, de Vinicius de Morais, “porque hoje é sábado …”.
Nesse tempo, alinhavei textos, satíricos ou não, inspirados em estórias do dia-a-dia, do domínio público, juntava três ou quatro amigos e acontecia o entretenimento…
Foi com esse espírito que, anos mais tarde, no Barril de Alva, nasceu o grupo  “Jograis da Fonte Lourenço”, composto pelo Acácio Simões, Chico Gouveia e José Castanheira. Depois de um sarau inolvidável, que teve lugar no  salão da Associação Filarmónica Barrilense, o grupo terminou...
Por mero acaso, nos meus arquivos, encontrei uma fotografia dos "atores" e os textos originais -“relatos poetizados”   de  situações reais, que se transcrevem.
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CR
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ESTÓRIAS DE ENCANTAR


T.- UMA ESTÓRIA DE ENCANTAR…(pausa rápida)
1.- NO DIA A DIA DO NOSSO BARRIL /ACONTECEM COISAS MIL…
2.- ALIÁS – ACONTECEM COISAS MIL
T.- NO NOSSO BARRIL
3.- UM DIA…
1.- …ERA VERÃO…
2.- …ESTAVA MUITO CALOR
T.- (bombo) PUM!
T.- EIS SENÃO QUANDO…TUDO ACONTECE NUM TURBILHÃO!
1.- UMA PEDRA?
2.- UM PENEDO?
3.- AI QUE MEDO!!!
T.- (bombo) PUM!
T.- FOI-SE A LIMPEZA DO COLAÇO…
... FICOU TUDO EM DESALINHO
…UM GRANDE ESTARDALHAÇO!

2.- UM DESATINO…
1.- PASSOU POR ALI UM BEZOURO
T.- ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ…
T.- E DA PEDRA SE FEZ PEDRINHAS
3.- AI SE AQUILO FOSSE UM TESOURO…
T.- IA TUDO P’RAS ALMINHAS!
(pausa ligeira)
1.- UMA VEZ…
2.- NO NOSSO BARRIL…
3.- PASSOU-SE UMA ESTÓRIA DE ÁGUA CORRENTE
1.- CONTA, CONTA À GENTE!
T.- UM PACATO CIDADÃO
T.- FEZ UM XIXI NO CHÃO,
T.- COM DECORO, É DE VER
T.- NÃO FOSSE ALGUÉM ENTENDER

T.- QUE MIJAR É PROVOCAÇÃO!
2.- …É APENAS UM CHORO…
3.- UM XIXI FAZ QUALQUER MORTAL
1.- …É NORMAL…
2.- (apito - PRRRRIIIIIIIIIII…)
3 .- É A POLÍCIA!
2.- OLHA À POLÍCIA!
T.- …QUE SINISTRO… QUE SINISTRO…
3.- SENHOR MINISTRO: QUANDO CHEGA A REGEDOR?
1.- O SENHOR É GENTE FINA
2.- E PESSOA DE MUITO VALOR!
T.- CALMA, MUITA CALMINHA, SE FAZ FAVOR
T.- QUE A GENTE SAIBA,
T.- FAZER XIXI NÃO É PECADO,
T.- NÃO SE PODE SER MULTADO!

1.- NEM PRESO!
2.- NEM PRESO!
3.- NEM PRESO!
T.- (bombo) PUM!
1.- (virado para 2 e 3) ISTO É POLÍTICA!
2.- ISTO É POLÍTICA!
3.- ISTO É POLÍTICA!
T.- ISTO É POLITICA!
T.- (bombo) PUM!


COISAS PRÓPRIAS DO ENTRUDO, BOAS EM QUALQUER OCASIÃO

T. -ALGUMAS SENHORAS DA NOSSA TERRA
      ESCAMDALIZAM-SE COM UM SIMPLES BEIJO!
     AI QUEM ME DERA… AI QUEM ME DERA
     VÊ-LAS NO MESMO CORTEJO…
     DO DESEJO!
1.- QUANDO ERAM NOVAS, MOÇAS E BELAS
2.- (gesto de pala na testa) ONDE ESTÃO ELAS, ONDE ESTÃO ELAS?
3.- NAMORAVAM PELOS PINHAIS
T.- AOS AIS…AOS AIS… AOS AIS
3.- UM FILHO FORA DE TEMPO / ERA O ECO DE UM LAMENTO:
T- POR NÃO TER TROCADO O GOSTO DO DESEJO
T.- PELA CARÍCIA DE UM BEIJO.

1.- CRITICAM OS MAIS NOVOS /QUE DA VIDA NADA SABEM
2.- GALINHAS CHOCAS SEM OVOS
T.- GALIFÕES, MARIALVAS… QUE CAVEM.. QUE CAVEM..
3.- TRABALHO DURO, TRABALHO DURO !
1.- E NÃO FAÇAM BARULHO
2.- NADA DE MOTOS E LAMBRETAS
T.- MAIS MARRETAS, MAIS MARRETAS
T.- QUE CAVEM… QUE CAVEM

(pausa curta)
T.- SE APRENDER NÃO É OFÍCIO
DEIXEM-ME FICAR COM O VÍCIO
DE SER BURRO A VIDA INTEIRA
(CADA UM É BURRO À SUA MANEIRA)
OU DOUTOR NO SEU SABER:
- VAMOS TODOS APRENDER
E DIZER POR FIM:
“OS BARRILENSES SÃO ASSIM”
!

GAZETILHA DE “PÉ QUEBRADO”

T.- LEVEI A MINHA GAROTA
      UM DIA AO URTIGAL…
… FUI PASSEAR AO URTIGAL.
     E AQUELA GRANDE MAROTA
     QUIS FAZER UM PIQUENIQUE
     DE FIGOS SECOS COM AMORAS
     E ÁGUA DO ALAMBIQUE…
1.- APANHOU TAL BORRACHEIRA..
T.- QUE PERDEU O TINO E AS HORAS
2.- TAL ERA A BEBEDEIRA...
T.- FOI UMA BELA BRINCADEIRA, FOI UMA BELA BRINCADEIRA
1.- (pausa - virado para 2) AGORAS CASAS COM ELA!
(saem os três a abraçados  a gargalhar)



terça-feira, 2 de agosto de 2022

A importância de se chamar Dulcineia




Do  meu sítio vejo os novos moinhos de vento implantados na Serra do Açor. A bem do progresso e da economia, a paisagem está, em definitivo, alterada; o horizonte, se o céu não estiver escondido pelas nuvens, ficou estranho para quem entende pouco ou nada de energias renovadas.
Para sempre, desaparecem os moinhos que moíam os grãos. Os atuais aerogeradores são gigantes com uma “cabeça” a piscar de vermelho na noite; de dia descobrem-se as “velas” num movimento constante e pouco apressado, com a finalidade de converter a energia eólica em energia elétrica. Parte dela fará mover sofisticadas engrenagens com funções semelhantes às dos antigos moinhos dos moleiros, imagens ilustres da obra de Miguel de Cervantes, D. Quixote de la Mancha.
O autor narra, entre outras aventuras, a luta de D. Quixote contra os moinhos de vento que o próprio confunde com gigantes.
Se Miguel de Cervantes existisse neste tempo de modernidades, a ponto de viajarmos a outros planetas, certamente teria dado outro sentido à sua imortal obra e era bem capaz de inventar outro personagem, talvez com a “mesma triste figura” do seu cavaleiro andante, mas por outras causas…
Imagino a “minha serra” do Açor como mote para estória novelesca, desvendando segredos, como os que estão associados à aldeia histórica do Piódão.
É por aqui que me fecho num silêncio absurdo sobre a paisagem, quase “morta” de gentes e animais – nem um corvacho a sondar do alto a ração do dia, muito menos um “moleiro”, se é que os houve por lá noutros tempos.
Conduzo devagar, a seguir a uma curva, descubro a aldeia, faço uma pausa na viagem e contemplo a realidade de um sítio de total encantamento. Cá de cima não vislumbro qualquer tipo de vida, como se o Piódão estivesse adormecido.
Continuo sem mais paragens até ao largo da Igreja. Depois, a pé, ando por ali numa espécie de solidão de bem-querer – desejo-a assim, que me faz bem à alma. Subo por uma rua minúscula e, na volta, o olhar perde-se no topo da serra e nos gigantes que “protegem” a aldeia…
Este momento único foi suficiente para reviver a estória do D. Quixote de la Mancha e do seu escudeiro Sancho Pança – duas personagens do imaginário fantástico de Cervantes.
Junto-lhe uma terceira, que nunca se “vê” na obra, mas sente-se a sua importância na vida apaixonada do cavaleiro: Dulcineia.
Estou, na vida, como D. Quixote de la Mancha em relação à figura que nunca viu – só dei conta disso num dia de Outono, no Piódão, aqui tão perto…

-* Publicado em novembro de 2008:

https://ritualmente.blogspot.com/2008/11/importncia-de-se-chamar-dulcineia.html#comment-form

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Reflexão sobre um placebo (dia do Barril de Alva)


O “dia do Barril de Alva” é comemorado a 25 de julho, data da sua independência administrativa que, como é sabido, terminou em 2013.
Então, como se impunha no âmbito da reforma administrativa, Barril de Alva e Coja somaram direitos e deveres, e assumiram o “casamento por conveniência”…
Serve o introito para situar a reflexão, que entendo como “lógica” na busca de um placebo que “disfarce” a dor que a “pedra no sapato” provoca em muitos de nós, barrilenses, pela perda da sua emancipação autárquica,
Cá vai:

- O Barril de Alva deve manter a tradição do dia 25 de julho em memória da orgulhosa efeméride registada no ano de 1924, qual “grito do Ipiranga”, ou deverá escolher outra data de relevo para COMEMORAR O SEU DIA?

De 2013 até hoje, “fiz campanha” pública pela manutenção da nossa memória coletiva; sou, pois, “suspeito” por trazer esta reflexão peregrina à liça da opinião de quem a tem - ou não.

O que diz a História
A História refere que em 1925, “…o Barril, apesar de ser o povo de constituição mais recente, atingiu tal desenvolvimento que hoje, por si só, se sente capaz de formar organismo administrativo à parte, tendo-se dotado gradualmente de todos os elementos que o impõe à consideração do Estado e da opinião pública” - palavras do Dr. Alberto Moura Pinto, deputado pelo círculo de Arganil, que constam do projeto de lei apresentado ao Parlamento do País no sentido de ser criada a nossa freguesia.
Uma outra página da nossa História recente, relembra que a freguesia do “(…) Barril de Alva (…) foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Coja, para formar uma nova freguesia denominada União das freguesias de Coja e Barril de Alva, com sede em Coja”. Ponto.
Não importa discutir, aqui e agora, os critérios que estiveram na base da decisão de “encerrar” a nossa freguesia, e que mereceram de muita boa gente, de forma educada e responsável, veementes protestos.
Quem entender por bem pesquisar as realidades das diversas freguesias do concelho de Arganil em 2013 (número de habitantes, qualidade e quantidade de acessos, infraestruturas sociais, zonas turísticas, comércio, etc) concluirá que o Barril de Alva apenas num ponto (como outras freguesias, que se mantiveram ativas) não reunia a totalidade das condições exigidas para manter o estatuto autárquico, mas…
O Barril de Alva, para todos os efeitos, “foi vítima” da dinâmica da sua Junta de Freguesia, que mudou o paradigma da gestão autárquica em curso, entre 2009 e 2013.
Lamentavelmente, durante as várias discussões sobre o assunto, quem de direito não avaliou com rigor o “milagre da mudança” - desde a recuperação do edifício escolar à criação da zona lúdica do Urtigal, da Área de Serviço para Autocaravanas ao arranjo estético da Praça Alberto Martins de Carvalho (antigo Largo da Escola), da requalificação do cemitério, fontanários, ruas, caminhos e Miradouro da “Estrada dos Vales” (com vista privilegiada sobre o Barril de Alva) à animação sócio cultural, dinâmica do Turismo (Feira do Turismo, em Lisboa, Programa “IR é o melhor Remédio”, SIC) etc, etc -, como foi profundamente demonstrado na Assembleia Municipal de 29 de setembro de 2012, como testemunha o texto apresentado nessa reunião magna, disponível aqui:

O placebo
Na busca do tal placebo que “disfarce” a dor que a “pedra no sapato” continua a provocar em muitos de nós, barrilenses, pela perda da sua emancipação autárquica, surgiu esta ideia muito, pouco ou nada luminosa - pode ser um não assunto, mas daí não vem nenhum mal ao mundo…
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Carlos Ramos

quarta-feira, 20 de julho de 2022

State Issued Memories (Palavras/Vídeo: Rachel Helena Walsh)

O Barril de Alva foi o ponto de partida para um passeio pela serra. A poesia de mãos dadas com a paisagem. Obrigado à "nova barrilense", Ali, pela partilha

domingo, 26 de junho de 2022

"Lá vai o Barril, sempre fixe e alegre..."


Entender os sinais que a fotografia mostra, não é para quem quer - é para quem sabe! 
Se for o seu caso, parabéns; se pertencer ao grupo dos leigos na matéria, como eu, o conselho é:
- consulte um professor de música e pronto - fica apto a decifrar uma pauta, e talvez encontre o seu talento adormecido, que fará de si um (a) intérprete altamente credenciado (a) – basta querer e trabalhar, trabalhar muito e bem!
Use o seu instrumento original – a voz!-, ou descubra outro, com a sonoridade do seu agrado.
 
“Lá lá, lá lá…” 
Em tempo de santos populares, aqui no meu sítio, o S. João dos “ tempos idos” sempre “deu cartas” na alegria do povo.
Durante dois dias, fazia-se a festa, pretexto para os nossos patrícios da área metropolitana de Lisboa se organizarem como excursionistas  de abalada até Barril de Alva para “matar saudades” da terra, rever amigos, “beber uns copos” e, claro, ouvir a Filarmónica - a menina bonita de todos nós,
O “nosso” S. João, “pobrezinho, mas honrado”, não dispensava uma marchinha depois do piquenique no Parque da Ponte. Nesse dia, juntavam-se as famílias, merendava-se a preceito, tocava a banda e, ao fim da tarde, inventavam-se arquinhos a condizer, compunha-se a marcha, os foliões mais corajosos na dianteira, e a Banda, às ordens do mestre, tocava a “Marcha do Barril”. Alguns e algumas sabiam a “letra de cor e salteado”- o Silvestre e a esposa Leonor eram os “reis da festa”!
- Então, é capaz de “cantarolar” a pauta? Dou uma ajuda -  acerte no tom:

“Lá lá, lá lá…” - lá vai o Barril / lá vai o Barril / 
lá vai todo contente / sempre fixe e alegre / para toda a gente…” *
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* Créditos à Fernanda Castanheira, afinada cantadeira da nossa terra

Festas  de S. João - merendar no Parque da Ponte



sábado, 9 de abril de 2022

"O Amigo do Povo"



 peso dos anos tem a importância e o valor do trajecto que percorremos

O carrego pode ser pesado se a vida foi madrasta, ou leve se a fortuna teve sorrisos de boa vizinhança. Em qualquer dos casos, a memória funciona como arquivo de todas as coisas, boas e más; por vezes, de forma voluntária, recordamos outros tempos, perto ou longe do momento presente, ou então é o acaso (?) que  faz lembrar o passado.
Casualmente, hoje, encontrei na mesa de um bar um jornalinho que, confesso, já não folheava  desde os tempos em que ia à Missa, aos domingos. Chama-se O AMIGO DO POVO, é editado pela Diocese de Coimbra, e tem noventa anos de vida !
São duas folhas "A4", de conteúdo evangelizador, naturalmente, e é informativo quanto baste.
Tinha (e tem!) uma secção que lia com enlevo : "Ao calor da fogueira" - diálogos simples e moralistas, como o da edição 4280, do dia 11 deste mês de Natal.
De tanto querer saber (e pouco sei!...) tornei-me agnóstico, mas este jornalinho transportou-me à infância na minha aldeia, ao padre Januário, às brincadeiras do pião e aos futebóis no largo da escola, às reguadas da professora Georgina e aos seus preciosos ensinamentos, à primeira namoradinha, ao Peixoto (a quem sovei de raiva, certa tarde, por causa da Teresa que era miúda de alguma beleza e sorriso brejeiro), aos passarinhos presos nas armadilhas, aos mergulhos no rio, ao Américo Cigarrada ( ... os peixes que agarrava à mão, só para me satisfazer os desejos!...), à avó Virgínia, à mãe Natália...
O AMIGO DO POVO era o meu jornal de domingo.

 (Publicado no "RiTuAL" no dia 16 de dezembro de 2005)

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Barril de Alva - a procissão



…Quando a procissão atravessava a quinta da dona Berta (ou das Mimosas!).
Existem dúvidas se a imagem regista um momento das festividades em honra de Santa Maria Madalena, no regresso à capela, no Casal Cimeiro, ou da procissão de Santo Aleixo, do Casal do Meio. Creio ser plausível optar pela segunda hipótese.


sexta-feira, 1 de abril de 2022