segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"Mestre Alberto"

O instrumental dançou nas notas da partitura e foi como se um povo inteiro, a plenos pulmões, fizesse ouvir o uníssono das vozes a desenhar a frase: "Mes....tre...Alberto...", começo de um poema  a exigir mais vogais e consoantes para que exista um todo, com principio meio e fim -  eis o que falta à melodia para que possa ser partilhada pelas gentes do Barril de Alva "quando a banda passar"  perto das nossas  emoções.
Domingo passado, no final do almoço dos 119 anos da Associação Filarmónica Barrilense,   o maestro Francisco Ferreira fez da sua obra um presente à família de Alberto Bernardo Simões - alma grande da filarmónica do Barril de Alva.
A homenagem, bonita de ouvir,  levou às lágrimas alguns dos presentes, como se o "Mestre Alberto" (Bernardo Simões) fizesse parte das suas vidas - e faz!
"Mes....tre...Alberto..."!

domingo, 27 de outubro de 2013

O chauffeur que recomendava a alma a Nossa Senhora

Retornei ao Piódão com tempo de sobra para múltiplas paragens antes do almoço, que havia de ser servido no hotel, estrategicamente erguido no centro da paisagem repousante.
O dia tinha imenso sol, o que garantia  excelentes cliques do Lumia  – uma espécie híbrida que não consigo definir: máquina fotográfica digital, que também permite usar o telefone, ou o contrário? Para quem "correu" atrás deste aparelho desde o seu nascimento, as funções que tenho à disposição justificaram puxar os cordões à bolsa…
Antes de escolher o que me interessava guardar na memória do meu “híbrido”, confesso, ganhei minutos deliciosos, a mente a navegar pelo “mar” de (muitos) montes e (poucos) vales, imaginação fértil sobre os segredos do Universo, dos que guarda Moura da Serra às lendas do Piódão - a viagem, apesar de curta, foi a mais extensa de todas desde os tempos em que a estrada tinha mais buracos do que piso direito. Hoje existe uma “auto estrada”, que as viaturas agradecem…
Sendo deslumbrante, a paisagem (estou em tratá-la de forma plural para ficar de bem comigo…) assemelha-se a um decrépito jardim de pedra.
A obra do Supremo Arquiteto do Universo, quando me aproximo de um despenhadeiro, permite avaliar a imensidão dos meus medos: se as vertigens aconselham cuidados e prosseguir a viagem em velocidade reduzida, como se comportarão os passageiros (e o condutor!) de um autocarro?
Já no destino, conheci a estória de um profissional dos transportes públicos que, garantiram-me, permanecia em completa paranoia silenciosa sempre que percorria aquela estrada.
…É de crer que o chauffeur, à chegada e à partida, na igreja do Piódão, recomendava a alma a Nossa Senhora.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Viajar ao centro (1)



Sendo o Barril de Alva uma "porta escancarada" para as serras do Açor e Estrela, a partir da nossa Área de Serviço para Autocaravanas sugere-se um percurso simplesmente FANTÁSTICO!
Tome nota: 
Depois do pequeno-almoço, atravesse a ponte sobre o rio Alva, um quilómetro adiante vire à direita, para a Estrada dos Vales; outro quilómetro percorrido, paragem obrigatória no Miradouro do Barril de Alva (vista soberba!); siga viagem, mais um quilómetro, corte à esquerda para Casal de S.João, continue na direção da Benfeita; a seguir, faça uma pausa prolongada durante a visita (a pé) à Fraga da Pena, regresse à sua viatura e siga um pouco mais até Pardieiros (aqui, para recordar o passeio, compre uma colher de pau, peça artesanal...) e conheça a Mata da Margaraça. Obrigatório parar - percorra sem pressas os labirintos da mata sem receio de se perder. Depois, Monte Frio - mais uma paragem obrigatória para descansar o olhar. Continue a subir. A "páginas tantas", escolha: Fajão ou Piódão - ambos os destinos têm paisagens fantásticas, mas como queremos que regresse ao Barril de Alva, opte pelo Piódão. Visita demorada. Soberbo, não é? Na volta, à saída da aldeia, corte à esquerda para Chãs d'Égua e  descubra a arte dos nossos antepassados; em Foz d'Égua continue atento à paisagem e, a uma velocidade de "10 à hora", descubra o riacho que corre "lá em baixo" e por baixo de uma ponte suspensa! Stop: deslumbrante! Respire fundo, continue "nas calmas", atravesse Vide, continue para Avô (com a melhor praia fluvial da região e, "lá em cima", os restos de um castelo que, diz-se, D. Dinis fez seu...). Continue ao longo do rio Alva para Vila Cova de Alva (5 kms), continue um pouco mais e... vire à direita: Barril de Alva a 1 Km! A sua Área de Serviço fica " logo ali".
Que tal o dia?  

Quem é amigo, quem é?...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"De comer e chorar por mais"


Cabrito Recheado à Moda de Barril de Alva

Ingredientes para 8 a 10 pessoas
  • 1 cabrito com cerca de 3 kg (depois de bem arranjado) ;
  • 1,5 dl de azeite ;
  • 1 cabeça de alho grande ;
  • 2 ou 3 cebolas ;
  • 1 colher de chá de colorau ;
  • 250 g de banha ;
  • sal ;
  • pimenta ;
  • noz-moscada ;
  • 1 dl de vinho branco ;
Confecção:
Corta-se a fressura (miudezas) do cabrito em bocadinhos. Pica-se uma cebola e aloura-se com o azeite. Junta-se a fressura e dois dentes de alho picados e deixa-se também refogar. Tempera-se este guisado com sal, pimenta e noz-moscada e borrifa-se com um pouco de vinho branco. Deixa-se cozer.
À parte, num almofariz, pisam-se uns oito dentes de alho com sal grosso, pimenta e colorau. Junta-se um pouco de banha a esta papa e barra-se com ela todo o cabrito, por dentro e por fora.
Em seguida, recheia-se a cavidade abdominal do cabrito com o picado feito com a fressura e coloca-se o cabrito, ajeitando-o, numa assadeira de barro preto de Molelos. Rega-se com um pouco de vinho branco e introduzem-se ainda no tabuleiro alguns quartos de cebola. Espalha-se por cima a restante banha e leva-se o cabrito a assar no forno até ficar bem louro.
Acompanha-se com salada de alface ou de agriões.

fonte: 
Editorial Verbo  

domingo, 6 de janeiro de 2013

O rio Alva

Na serra mais alta de Portugal continental nasce num murmúrio o Rio Alva, que corre devagar e manso a caminho da foz no Rio Mondego, em Porto da Raiva, perto de Penacova, às portas de Coimbra.
O fio de água transforma-se em ribeiro quase à nascente, mas à medida que recebe suores de outras fontes, depressa se assume como rio pujante de vida, sem quedas ou desvios - os que existem são obra do Homem, que desde sempre usou o caudal para seu benefício, dos moinhos de moagem às “rodas de alcatruzes” que, nos estios,durante semanas, noite e dia, despejavam cântaros de seiva nas levadas e estas, serpenteando, alimentavam os milheirais e outras culturas de ocasião.
O trabalho insano das “rodas” proporcionava imagens muito belas e sons característicos dos movimentos em tono dos eixos. Aqui e além, nos tempos de agora, ainda se vislumbram engenhos do estilo, com a funcionalidade de sempre nuns casos, noutros como mera peça decorativa que regala a vista.
O Rio Alva coloca os seus serviços ao dispor das mini – hídricas, a contento de uns e desagrado de outros…
No entanto, o aproveitamento das suas águas e das várias qualidades de peixes que aí encontram o seu habitat natural é, desde sempre, o maior contributo que presta ao Homem.