sexta-feira, 26 de julho de 2019

Rio Alva



Tirei a chinela do pé, 
Corri, molhando a saia
Senti cócegas frescas
Fiquei refescada.
A água do rio teima



Em correr apressada.
Meu pensamento vagaroso, 
Pensa: porque tem pressa a água?
Não saboreia o leito
Nem repousa no seu fundo
Ou aprecia as margens
Deste meu belo Alva.
Deixa-me repousada~
E no entanto vai apressda!
Oh, se a água parasse 
Ficava o rio sem vida., 
Sem graça, sem alma,
Água estagnada, doente, 
Matava...
Corre pois, água do meu Alva
Leva bons presságios para a costa
Vai majestosa, cristalina
Alimenta a alma peregreina 
E triste do beirão.
Sê água que cura e salva
Da tristeza e da solidão.
Sê alimento do coração

30.05.05

Fátima Faria  Rodrigues



quarta-feira, 24 de julho de 2019

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA UNIÃO E PROGRESSO DO BARRIL DE ALVA – I


25 DE JULHO - DIA DO BARRIL DE ALVA


Repete-se  a publicação do magnifico texto de Carlos Leal, antigo presidente da  UPBA  (União e Progresso do Barril de Alva). Para que conste e  as memórias desta notável instituição não se "apaguem"...


Completar-se-ão no próximo dia 17 de Março setenta e cinco anos de actividade da União e Progresso do Barril de Alva. A história desta insigne Instituição Barrilense estará ainda por contar, muito embora ela encerre um valiosíssimo património histórico no que concerne ao movimento associativo do concelho de Arganil do qual foi precursora nos idos anos trinta do século passado.

Com o país em bolandas devido a desentendimentos de carácter político que prejudicavam o desenvolvimento do país, e a posterior ditadura instaurada, fizeram com que Portugal estagnasse no tempo com todos os funestos resultados que daí advieram para a vida das populações, principalmente as localizadas no interior do país, votadas ao esquecimento e à sua sorte. O Barril de Alva, não foi excepção, mais a mais sendo uma recente freguesia criada em 1924, com as naturais dificuldades que se adivinham no início da administração daquela que viria a ser, definitivamente, a mais pequena freguesia do concelho de Arganil. Deparava-se, como é evidente, uma árdua tarefa aos responsáveis autárquicos à época, e sendo certo que estavam identificadas as variadíssimas obras necessárias para obviar as péssimas condições em que os Barrilenses viviam o seu dia a dia, faltavam, contudo, os meios financeiros necessários à sua consecução.    

E foi a pensar nestes inúmeros problemas, que um grupo de Barrilenses radicados na hoje denominada região da Grande Lisboa, que para ali partira à procura de melhores dias para si e para os seus, resolveu fundar a União e Progresso do Barril de Alva no intuito de procederem à angariação de fundos destinados a obras de melhoramentos necessários na sua amada terra. Esses homens, todos eles nascidos ou ligados por laços familiares muito fortes ao Barril de Alva, tinham as mais distintas ocupações profissionais, com a vida estabilizada, e a maioria com uma média de idades que se podia considerar jovem. Todavia, esses considerandos não obstaram a que se empenhassem nos seus desígnios e iniciassem um dos mais belos e bem sucedidos cometimentos que a terra do Barril de Alva jamais tivera. 
A primeira grande obra que resolveram efectuar, tinha prioridade extra devido ao estado precário em que os residentes no Casal Cimeiro se deslocavam. E, tomadas as providências necessárias, deitaram mãos à obra iniciando-se o alargamento do caminho precário que servia todos os habitantes daquela zona da Freguesia, ampliando-se também, com a demolição de umas casitas ali existentes, o largo da capela de Santa Maria Madalena. Não fora o facto de ter havido algumas melhorias para a população, e diríamos que o esforço tinha sido inglório, se considerarmos o facto todos os anos, com a chegada dos rigores do Inverno, a rua se transformar num lamaçal, tornando-a, por isso, intransitável em alguns locais obrigando os transeuntes a passarem sobre os muros ou, até, pelos terrenos particulares contíguos àquela artéria. Ao longo de cerca de quinze anos, a forma encontrada, dado não haver disponibilidade financeira para muito mais, foi ir-se obviando algumas das anomalias com o chamado remendo que, de todo, não solucionavam o problema.     

Até que, no ano de 1951, por altura dos festejos de S. João, se deslocou ao Barril de Alva uma delegação muito vasta de dirigentes da União e Progresso do Barril de Alva os quais puderam apreciar no local os problemas que continuavam a ter os habitantes do Casal Cimeiro no que respeitava às acessibilidades. Logo ali procuram saber junto dos responsáveis da Junta de Freguesia qual a disponibilidade financeira que dispunham para a definitiva conclusão da obra, desta feita com o calcetamento da rua que traria necessariamente a solução para os muitos problemas. Claro que, como se calcula, a Junta não tinha dinheiro para mandar cantar um cego quanto mais para fazer uma obra daquela natureza. Contudo, sabendo que era um melhoramento que não poderia ser mais adiado, os dirigentes da União e Progresso do Barril de Alva resolveram levar por diante a execução da obra, mesmo sabendo que os custos seriam elevadíssimos para os parcos proventos da Colectividade. Mas, se lhes faltavam os recursos financeiros sobrava-lhes imaginação, o que à partida era meio caminho andado para a obtenção dos fundos necessários para a consecução da obra.   

Uma grande campanha de angariação de fundos foi iniciada para a qual utilizaram diversas iniciativas, nomeadamente, almoços de convívio, espectáculos de variedades, quermesses, peditórios e a receita da quotização dos sócios. Também dos Barrilenses radicados em Moçambique, na então Lourenço Marques, se recebeu uma quantia ali angariada que se juntou ao já reunido pelos dirigentes em Lisboa, Almada e no Barril de Alva e que na totalidade perfazia a quantia de 13.272$00.

Entretanto, tinha-se começado a obra, inicialmente prevista fazer numa primeira fase que iria do cruzamento do caminho para a Ribeira, ao Casal do Meio, até às Almas e que incidia, sobretudo, na terraplanagem, alargamento, levantamento de muros, sistema de drenagem de águas pluviais e calcetamento. Posteriormente, e dado a recolha de fundos decorrer de forma muito satisfatória, superando até as melhores expectativas, decidiu-se prolongar os trabalhos até ao fim, isto é, até à capela da Santa Maria Madalena. Para tal, recorreu-se a um empreiteiro que com a mão-de-obra local cumpriu rigorosamente com os prazos que tinha contratado com a Junta de Freguesia que era, oficialmente, a dona da obra.

No dia 13 de Janeiro de 1952, foi por fim inaugurada a até então denominada estrada do Casal Cimeiro, que a partir dessa data, por iniciativa da Junta de Freguesia e com a anuência da Câmara Municipal de Arganil, se passou a designar, Rua União e Progresso do Barril de Alva. Resta acrescentar, que a obra teve como custo final a quantia de 11.600$00, sendo que o saldo apurado entre a receita e a despesa, que perfazia 1.672,00, reverteu para as futuras obras da Rua do Casal do Meio que começavam já a germinar na cabeça dos dirigentes da Colectividade.

Como então diria o saudoso AIACO no discurso de inauguração daquela via, alguns daqueles que em 1935 se predispuseram a encetar os primeiros passos daquela obra já não faziam parte dos vivos, porém, era deles boa parte do esforço que fora feito ao longo daqueles anos e que viria a culminar numa das mais simbólicas iniciativas que a União e Progresso do Barril de Alva levou a efeito. Tal como então, também os dirigentes actuais jamais esquecerão todo o legado que lhes foi deixado por esses grandes Barrilenses que num dia de Março do ano de 1935 tiveram a feliz ideia de fundar a União e Progresso do Barril de Alva. CL