sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

A “música” faz anos


A Banda Filarmónica do meu sítio, hoje, veste de gala. Os executantes, com a farda a estrear, briosos, fazem do grupo uma grande Filarmónica com um carrego bem mais pesado que os instrumentos que utilizam. 
Festejar com “pompa e circunstância” 123 anos de  vida, é obra - de obra feita,  sem interrupções. É por isso que o carrego pesa. É por isso que, com esforço e algum sacrifício, se mantém a tradição da “visita aos sócios”, porta a porta, como se  o povo inteiro fosse  o único sócio – e é, quando os ventos não correm de feição! É por isso que uns assumem a gestão da instituição e outros o instrumental - a “música”, razão de ser da existência da instituição. Sem a “música”, não havia Filarmónica - esta Filarmónica, cujo registo de nascimento remonta ao dia 5 de novembro de 1894 pelo empenho e conhecimentos musicais de José Monteiro de Carvalho e Albuquerque, senhor da “Casa do Barril”, desde sempre conhecida como Quinta de Santo António (é verdade que, durante um certo período, foi designada como “Casa Agrícola”…). 
O “senhor da Casa do Barril”, de início, chamou-lhe Grupo Musical da Quinta de Santo António, com alguma lógica; mais tarde o nome foi alterado para Sociedade Filarmónica Barrilense e, no passado recente, foi modificada a sua natureza jurídica e  designação.
Por mera curiosidade, acrescente-se um pormenor com algum relevo na história  do Barril de Alva, da Quinta e da Filarmónica:
No dia 12 de julho de 1931 foi inaugurado o “Cine Teatro Barril de Alva”, cuja lotação era de duzentos lugares, todos eles sentados. No dia 25 de julho de 1935, uma quinta-feira, pelo aniversário da extinta freguesia, o “Cine Teatro” apresentou uma sessão de cinema e estreou o Orfeão da Sociedade Filarmónica Barrilense!
... Breves memórias de todo um passado glorioso
Que a BANDA  FILARMÓNICA do Barril de Alva VIVA por muitos anos e bons!

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Serra do Açor: volto na primavera

Impossivel  regressar à escrita e tratar qualquer assunto comezinho quando, a cada passo, registo imagens  da terrível passagem do fogo pela "minha" Serra, agora vestida com os tons  da morte.
Sábado, a meio da tarde, eu  e alguns familiares vindos de longe, fomos em "passo de passeio"  visitar  os recantos que fiz "meus" - o encanto permanece,  mudou  a paisagem!
Terriveis imagens sem palavras  que as descrevam...
Depois da Mata da Margaraça, subimos para Monte Frio, a caminho do Piódão; por unanimidade tomámos o rumo de Pomares.
Com a viatura parada e fora dela, perto de um miradouro, em silêncio olhámos em redor - terriveis imagens sem palavras  que as descrevam...
O Hugo falou do ecosistema, profundamente alterado. A Rita questionou-se em voz alta sobre o destino dos animais selvagens....
Nem o pipilar de um modesto passarinho, disse eu.








Na próxima primavera, com a "minha" Serra  coberta de verde, volto.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Lomba do Canho



A Câmara Municipal de Arganil tem em curso obras de monta no centro da vila, argumentando o presidente, Eng. Ricardo Pereira Alves, que esta reabilitação urbana vem “conferir uma maior atratividade ao centro histórico de Arganil, valorizando o seu espaço público”, pretendendo levar as pessoas “sobretudo, a comprar no seu comércio tradicional”.
Nem mais: as obras em curso conferem “maior atratividade ao centro histórico de Arganil” (?) !
Li, reli, conheço razoavelmente bem a sede do concelho, mas não descortinei nas entrelinhas do discurso do Eng. Pereira Alves (para além da Igreja Matriz e das saudades “físicas” de Miguel Torga) “qualquer coisa” capaz de atrair ao coração da vila turistas, muitos turistas - dos que vêm nas ondas do conhecimento e da ciência, por exemplo, em busca do espólio do Castro da Lomba do Canho…
Recupero memórias e recuo ao tempo do “nosso” Externato Alves Mendes, não para falar de saudade, mas para lembrar Lomba do Canho, nas Secarias, e o Professor Doutor João de Castro Nunes, figura impar do conhecimento sobre esta matéria. 
Como pertenço ao tempo do “descobridor” do ACAMPAMENTO MILITAR ROMANO DA LOMBA DO CANHO, sempre esperei por um espaço digno dos achados, aberto ao público, mas nem sombra dele…
Entretanto, no dia 15 de março de 2008 os jornais anunciavam:
- “Arganil: Peças do período romano desapareceram do acervo do Museu Regional de Arqueologia”. 
Dentro da notícia, o dr Castro Nunes informava que (…) "é o único (Acampamento Militar) que resta em todo o mundo romano, do período tardo-republicano, o que lhe confere um estatuto de património da Humanidade", embora esteja presentemente ao "abandono pela edilidade arganilense (…)”.
Pois… 
Agora, lendo, como li, ideias em tempo de campanha autárquica, em pensamento “fiz uuuuuuuuau” ! 
E é isto que, modestamente, dou à estampa a propósito de uma das ideias, a número 7, do Partido Socialista de Arganil. 
Há luz no “fundo do poço” ! 
--
NOTA: O Castro da Lomba do Canho está classificado como Imóvel de Interesse público (IIP), pelo, Decreto nº 42 255, DG, 1ª série, nº 105 de 08 maio 1959.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Noites da Praça

"Está na reta final o programa de animação que Coja preparou para este verão. 
As apostas fortes são a única via para colocar Coja e esta região no mapa turístico, tirando partido das condições naturais e da rede de praias fluviais do vale do Alva, todas de excelente qualidade. 
Mudámos, inovámos e criámos um conceito que virá a dar frutos a curto prazo. O Festival Músicas de Verão, o Carnaval e a Praça serão certamente a chave do futuro turístico da nossa Freguesia, não descorando como é óbvio a divulgação do nosso património associativo (...)".

domingo, 20 de agosto de 2017

"Quinta das Mimosas" - estórias para contar


A “Quinta das Mimosas”, localizada no Barril de Alva, possivelmente tem mais de dois séculos de história. A residência principal foi reconstruida em 1869 (?) mas é, segundo referem os atuais proprietários, muito anterior a esta data.
Sabe-se que, em tempos idos,  pertenceu à família Nunes dos Santos, dos Grandes Armazéns do Chiado, mas os pormenores virão numa próxima ocasião…
Obras recentes devolveram dignidade estética ao amplo espaço exterior  da quinta, no seu todo.
Durante uma visita rápida à casa senhorial (a habitação, por enquanto, não é residência permanente) proporcionada pela Carla Ribeiro, de férias no Barril de Alva, foi possível “descobrir” algumas peças de museu, como um modelo de piano “sem idade” que teria estórias sem fim para contar, se “falasse” sem ser por música.


terça-feira, 18 de julho de 2017

... Chegaram os barcos!

Havendo rio e pessoas, 
vieram os barcos para navegar, rio acima, rio abaixo, que já ninguém quer um barco para transportar as pessoas, e as coisas das pessoas, de uma para a outra margem...





segunda-feira, 10 de julho de 2017

Havendo rio e pessoas, falta o barco

Havendo rio e pessoas, 
falta o barco para navegar, rio acima, rio abaixo, que já ninguém quer um barco para transportar as pessoas, e as coisas das pessoas, de uma para a outra margem. 


- A que horas sai o barco?
- Não tem horas nem hora - quando é preciso, sai o barco...
Não havendo cais, o barco adormece preso à margem de uma das margens - aquela onde mora o barqueiro, que tem o barco pronto para a próxima viagem...
...do João Brandão, "o terror das Beiras" (...) homem imperfeito do seu tempo, criminoso, homem cruel ou filantropo para o povo da sua região? (...), que chega na companhia dos seus, ainda o sol dorme. E o barqueiro também...
- Ó barqueiro, ó barqueiro - acorda  que quero passar.
Diz a lenda que "o terror das Beiras" (ou filantropo?), chegado à outra margem, tirou do alforge uma moeda e pagou a viagem
... e o sono do barqueiro,
... e a viagem do barqueiro para a outra margem - aquela onde mora  o barqueiro, que tem o barco pronto para a próxima viagem...
- A que horas sai o barco?
- Não tem horas nem hora - quando é preciso, sai o barco...
___
Nota
Do AIACO (António Inácio Alves Correia de Oliveira) guardo imensas memórias,  como esta lenda (?) sobre João Brandão,  personalidade "...bem recebida na Quinta de Santo António", no Barril de Alva, "...onde chegou a pernoitar " (ou seria um dos seus esconderijos?).
A imagem do novo cais para barcos de recreio no rio Alva, na praia do Caneiro, em Coja, inspirou o texto da estorinha, como se fosse a legenda.
CR

terça-feira, 4 de julho de 2017

"Quinta do Urtigal" recupera mística

Em 2009, quando o  executivo da Junta de Freguesia do Barril de Alva, entretanto eleito, fez o levantamento dos pontos  mais sensiveis para o desenvolviemnto do turismo, facilmente se concluiu que o Urtigal e todo o espaço adjacente ao Parque de Merendas AIACO, junto à ponte sobre o rio Alva, careciam de projetos estéticos   com utilidade prática. "Agradar à vista", sim; cativar as sensibilidades de quem aprecia a Natureza, também, mas...
Com o rio Alva a  "musicar" em estereofonia as águas que serpenteiam por entre  as pedras no tempo do estio, era de toda a conveniência tirar partido desse "espetáculo" em que o corpo pode  conviver em harmonia com o espírito pelo "mergulho refrescante", ou simplesmente ficar em repouso mas atento aos sons que, graciosamente, chegam até nós - todos os sons, incluindo o belo canto dos rouxinois, que se "apresentam" no  concerto como solistas ...
Havendo "tudo isto", com a soberana finalidade de fazer da nossa terra um  local ainda mais aprazível, discutiram-se ideias!
A limpeza do Urtigal (mais tarde soube-se que, em tempos recuados, se chamara Quinta do Urtigal- volume XI da obra “Portugal Antigo e Moderno”, editado em 1886: o lugar do BARRIL e a QUINTA DO URTIGAL fazem parte da freguesia de Vila Cova de Sub-Avô....) junto ao caneiro fez aparecer  ruinas  do lagar e da moenda que ali existiram, por certo durante mais de um século.
Uns pelo conhecimento recente do "crime" cometido  contra  a estrutura de transformação dos alimentos e da habitação onde viveram duas ou três gerações de moleiros, pescadores e agricultores, outros com as memórias frescas, apesar do avanço da idade, todos relataram estórias que, no entender do executivo da Junta,  deveriam ser sinalizadas  de modo a que os vindouros  tivessem a curiosidade de questionar os barrilenses mais velhos:
- O que era "isto"?... 
Foi  com essa finalidade que se ergueu o Parque para Autocaravanas num local onde existem vestígios da pesquisa de ouro pelos romanos, e agora se divulga pelo nome: CONHEIRA...
Foi com essa finalidade que se  ergueu no Urtigal um espaço propício ao entretenimento e convivio familiar e, ao mesmo tempo, terminar definitivamente com as fogueiras dos piqueniques de ocasião...
Depois  da junção de Coja e Barril de Alva, o executivo  eleito para a União destas freguesias não descurou o embelezamento dos locais referidos,  dotando-os de infraestruturas que, embora modestas, são polos de atração para quem nos visita.
O rio insiste  no "diálogo" com quem tem  "conversa" capaz  de entender alguns dos seus segredos e perceber a sua "música". Basta estar atento!
O antigo lagar, agora, adivinha-se ....
A  água fresca e leve da fonte,  dia após dia,  todos os dias, só  espera por quem a possa sorver com  deleite
Diz "quem sabe" que ouviu um elfo cantar:


Junto da bica água cristalina 
à corrente a caminho do Mondego
e faço do olhar mirante da paisagem 
- como é belo o Urtigal !




domingo, 2 de julho de 2017

Da conheira se fez jardim

... os romanos andaram por aqui


Sabe-se que os povos antigos, designadamente os Romanos e os Árabes, exploraram o ouro no leito e nas margens do Rio Alva.
No Barril de Alva, na margem direita do rio, na Área de Serviço e Pernoita para Autocaravanas, ainda existem milhares de pedras redondas (calhaus) que formam uma CONHEIRA - (…) local onde foram amontoados seixos rolados resultantes do trabalho de exploração mineira do ouro pelos Romanos(…) - “e que muito úteis foram na construção da estrada do Barril para Coja “(António Inácio Alves Correia de Oliveira (AIACO) - “ A Comarca de Arganil”
Pela leitura de inúmeros estudos é possível localizar zonas onde surgem (…) testemunhos das lavarias de ouro em que as terras eram lavadas e as pedras redondas (calhaus) arrumados como escombros (…). 
O semanário “Campeão das Províncias”, na edição do dia 26 Agosto de 2016, com o título “Ouro - Maior área mineira de ouro do Portugal romano encontra-se ao longo do Rio Alva, no concelho de Arganil", divulgou (…) a investigação sobre mineração antiga, efetuada por investigadores do CEAACP da Universidade de Coimbra e do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas – Madrid (…), e salientou: (…) Os restos que revelam os trabalhos mineiros de época romana concentram-se no concelho de Arganil, ao longo do Alva, sendo esta área mineira particularmente extensa junto a Coja. Entre os vestígios arqueológicos descobertos também se encontram os de um possível acampamento militar romano (Lomba do Canho).
Jorge de Alarcão refere a exploração mineira do Alva, colocando algumas questões relativamente à época da sua exploração, “Nas margens do rio Alva, entre Vila Cova e a confluência do Alva e do Mondego (…) – Direção Geral do Património Cultural.
Trabalho de excelência foi elaborado pela doutora Carla Maria Braz Martins, da Universidade do Minho, Braga, em 2008, sobre A EXPLORAÇÃO MINEIRA ROMANA E A METALURGIA DO OURO EM PORTUGAL (…) principalmente nas margens do rio Alva (vale de Arganil) - página 45.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Quinta do Urtigal


A primeira referência escrita conhecida sobre a “QUINTA DO ORTIGAL” surge no volume XI da obra “Portugal Antigo e Moderno”, editado em 1886: "o lugar do BARRIL e a QUINTA DO URTIGAL fazem parte da freguesia de Vila Cova de Sub-Avô".
Nesse ano de 1886 começou a ser construída a ponte sobre o rio Alva, inaugurada dois anos depois. A população do BARRIL, com a nova ponte, aumentou e progrediu, como demonstram os censos: no ano de 1900 tinha 500 habitantes, e em 1910, 520.
No dia 25 de Julho de 1924, o Artº 1º do Decreto n.º 1639 determina que (…) seja desanexada da freguesia de Vila Cova Sub-Avô, concelho de Arganil, a povoação do Barril, a qual passará a constituir uma freguesia, denominada
BARRIL DE ALVA
António Inácio Alves Correia de Oliveira (AIACO), conhecedor profundo da História do BARRIL DE ALVA, dizia que os fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado, naturais do BARRIL, afiançavam que a QUINTA DO URTIGAL já existia em 1727. Segundo o padre Luís Cardoso, o BARRIL, nesse ano, tinha “… vinte e nove vizinhos“.
Em 1527, o Cadastro da População do Reino, realizado a mando do rei D. João III, refere que o BARRIL pertencia ao termo de Coja e contava 10 fogos.
Sobre o topónimo BARRIL, escreveu AIACO (…): também medieval, derivado de barro e, portanto, de sentido geológico (…). Temos que admitir, também, que o povoamento do Barril de Alva é anterior ao século XII”.