sexta-feira, 14 de julho de 2023

Ian Davies - o "viajante"

 


Ian Davies
foi “vizinho” de Sua Majestade Charles III, Rei do Reino Unido.
- Foi vizinho do Rei até “descobrir” que, virado para o Oceano Atlântico, existia este país “à beira mar plantado”:

- Portugal!

Ian Davies sabia que os portugueses eram simpáticos e acolhedores…
Ian Davies pensou que, com gente assim, até ele era capaz de viver uma paixão por um pedaço de terra…
… e pelas pessoas desse lugar.
*
Portugal tem “pequenos paraísos” encantados,
com gente dentro deles.
É o caso do Barril de Alva!
Ian Davies veio e ficou.
Da casinha em desalinho, arruinada, fez um “palácio”
… e passou a ser um de nós!
- “Ser barrilense é um "sentimento" de pertença” – foi o que eu disse, dias atrás, à barrilense Carla Moreira, esposa do mestre Francisco…
… e foi o que eu disse, uma vez, ao Ian Davies, e ele:

- It's true, Carlos...

Ian Davies andava a aprender português. Ia à escola…
Ele, o Ian Davies, tinha orgulho em “ser um de nós”
- barrilense pelo coração.
Ele, o Ian Davies,  era  "pescador de amizades"...
- Era gentil e simpático, o meu amigo Ian Davies
*
Entretanto - “vá lá saber-se porquê”! - , o Ian Davis “decidiu viajar e nada disse”!
… Ainda se retornasse à real vizinhança de Sua Majestade Charles III, Rei do Reino Unido, vá que não vá
…mas assim… uma viagem sem retorno, para “parte incerta”, nem parece coisa tua, Ian

terça-feira, 11 de julho de 2023

Notícias do Barril

 


A edição da “Comarca de Arganil” do dia 23 de novembro de 1922, além de relatar a inauguração do “Centro Comercial do Barril” e do anúncio dos Grandes Armazéns do Chiado, informa os leitores de que:

- “No último sábado (dia 18 de novembro), de tarde, envolveram-se em desordem, no Barril, Joaquim Pereira, casado, moleiro, e Maria Natividade, casada com José Coelho Nobre daquela localidade”.

“(…) Nessa ocasião apareceu a filha de Joaquim Pereira, de nome Maria … Pereira, solteira…”, - o “caldo entornou-se”, e… o melhor é saborear a leitura dos factos no recorte da notícia.

- Joaquim Pereira, o moleiro, era meu bisavô…

CR


segunda-feira, 29 de maio de 2023

"Chegaram os cucos"



Hoje, segunda-feira, o dia está cinzento e chove, coisa pouca, é certo.
Fico por casa, de quando em vez vou à varanda
- simplesmente, vou à varanda sem uma razão específica.
Talvez por vício...
A neblina de um dia de outono não deixa ver para além do quintal – mal distingo os pinheiros que o vizinho cuida com esmero.
- É da minha varanda que me encanto com a Serra do Açor e sei, de olhos fechados, que o Mont'Alto fica no enquadramento estético da imagem que tenho à minha frente.
- É da minha varanda que, pelo canto e presença, (também) associo as rolas e os melros à primavera, embora tenha encontrado um dia destes um ninho de Carriça vazio…
O dia chuvoso e triste, de repente, alegrou-se e sorriu com os sons que vinham de além da ribeira:
- “Cu-cu; cu-cu; cu-cu..”.

“Chegaram os cucos”!
*
Ler mais aqui:


sábado, 22 de abril de 2023

*O muro e os "Sinais" de Fernando Alves

Pelas mãos do Carlos “Fota”, repara-se o muro, direito e aprumado na altura, pedra sobre pedra, como se o artesão tivesse na memória os segredos do mestre Hiram Abiff - alegoria exagerada e sem propósito, é bom de ver, o fio de prumo, nesta obra, não é necessário, mas tem preceito quando associado às insignes personalidades de Fernando Vale e Alberto Martins de Carvalho, conterrâneos de quem viu a luz do dia por estas bandas da serra do Açor.
Avança o muro que, segundo o “Fota”, acima do terreno irá crescer nas alturas, mais coisa menos coisa, um metro, e avanço eu no passeio matinal de (quase) todos os dias até ao Casal do Meio, onde Alberto Martins de Carvalho, amigo e correligionário de Fernando Vale, teve casa de férias e eruditas conversas com os seus pares, “discretas e secretas” como convinha na época do Estado Novo.
Na minha companhia vai o “Bello”, o cão, parceiro gentil, famoso pelo nome e figura, aqui e em Coja.
Volto ao muro que o Carlos “Fota” garante, depois de pronto, a contento do dono da propriedade; cumprimento o artesão, olho a obra, e sigo adiante com o pensamento (ainda) em desassossego com os “Sinais” de Fernando Alves desta manhã …
De Torga a Fernando Vale, das rádios da vizinhança à Filarmónica do Barril de Alva, do "Farrosca", o músico de outros tempos, ao paisagista sonoro Luís Antero de agora, se construiu a crónica da TSF, lida pelo autor.
Foi um “desassossego”, sim, a leitura dos “Sinais” de Fernando Alves, que permanece latente pelo relato da sua viagem, carregado de poesia e laivos de saudade quando as palavras tocam ao de leve na ausência física de "(…) Fernando Vale que tanta falta nos faz como a água dos rios (…)”.
Palavras de Miguel Torga:
“A nossa memória está cheia dos nomes desses bem-aventurados que puderam cumprir-se inteiramente nas artes, nas ciências, nas letras, ou na simples maneira de existir. É o caso do Dr. Fernando Valle. Matusalém sem idade, teve tempo para ser no mundo a imagem paradigmática do jovem irreverente, do bom chefe de família, do amigo leal, do médico devotado, do político isento, do governante capaz, do cidadão exemplar” - Miguel Torga.

A memória recente é caduca como folhas de certas árvores.

Depois de pronta, a obra  engrandece a propriedade  do casal
John Stobart (membro da Filarmónica Barrilense),
conhecida por "Quinta das Mimosas" e valoriza o Barril de Alva

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Nota de rodapé. 
- Adaptação do texto publicado no Blog Ritual(idades) em dezembro  de 2022 - CR

Breakfast in Barril de Alva



Os (novos) imigrantes

- A chegada de novos imigrantes à aldeia onde nasci, Barril de Alva, é um registo que tenho à mão e do qual dou fé com agrado.
Vieram de longe, investiram as suas poupanças - “coisa pouca”, quando a intenção é acomodar o repouso espiritual, que vale “fortunas de encanto e beleza”-, recuperaram casas modestas
e outras apalaçadas,
“com vistas largas”…
- Os (novos) imigrantes povoam a Beira Serra pelo deleite da geografia da região, usos e costumes, clima, e pelas gentes,
gentis e hospitaleiras,
solidárias,
teimosos e cabeçudos beirões  (*) - epiteto com que Miguel Torga definiu a crença e perseverança do povo serrano do seu tempo, pelo conhecimento profundo de quando exerceu medicina na região de Arganil e dela desfrutou com os “olhos da alma”,
límpidos de névoas,
que abarcavam o belo do todo com que a Natureza nos brindou.
Um dia, Torga, foi dizer adeus à serra do Açor:
“Com o protesto do corpo doente pelos safanões tormentosos da longa caminhada, vim aqui despedir-me do Portugal primevo. Já o fiz das outras imagens da sua configuração adulta. Faltava-me esta do ovo embrionário” (Piódão, 7 de abril de de 1991).
- Possivelmente, nem todos os imigrantes serão conhecedores da obra de Miguel Torga; em letra de forma, regressa a lembrança de um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX, com o intuito da sua descoberta pelos “novos barrilenses”, eventuais leitores deste registo.
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domingo, 16 de abril de 2023

Barril de Alva - retratos


(Imagens recolhidas   nas  publicações  da barrilense Rosa Gouveia,
que dou  à estampa com a devida vénia)