sexta-feira, 14 de outubro de 2022

"Uma terra que Deus ajardinou para estância de repouso"



PALACETE 
A inscrição na fachada  mostra as iniciais do nome de Abílio Nunes dos Santos
 e o ano de 1916


A croniqueta da semana passada, intitulada “Percebe-se que o Barril de Alva está na moda”, estimula o “sonho” do restauro da Freguesia e manifesta o regozijo de alguns dos meus conterrâneos sobre o negócio das casas devolutas do Barril de Alva - não de TODAS, mas das que têm os horizontes desimpedidos.
Diz quem tem conhecimentos do assunto que, no Barril de Alva, as melhores casas (depende do ponto de vista…) disponibilizadas para o negócio “estão todas vendidas”! As que sobram, afiançam, não têm interesse para o mercado dos ”colonizadores que falam estrangeiro” - não é o caso do palacete “cor-de-rosa, de quando em vez chegam notícias de interessados nas “vistas largas”, e isso é coisa que o edifício tem de “borla”, de cortar a respiração!
Lamento a degradação da propriedade, que pertence aos herdeiros dos fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado; lamento como barrilense e vizinho residente, logo “informador à mão de semear” sobre determinados pormenores do passado do Barril de Alva, incluindo o palacete. Dos Grandes Armazéns do Chiado, a informação é tanta que dava para rechear o antigo “Centro Comercial do Barril” - e não sei se o espaço seria suficiente para acolher o acervo documental que, creio, ainda era possível catalogar…
Todos os dias são domingo”, por isso ocupo o tempo com alguns vícios, como imaginar o futuro da minha terra.
São poucos, os barrilenses residentes - posso exercitar o pensamento com uma conta de somar, bairro a bairro, sem errar o cálculo. Cometer o mesmo cansaço mental com os ”novos residentes barrilenses”, que “falam estrangeiro”, é difícil e complicado, por diversas razões…
A propósito da dificuldade no “acerto” da contabilidade dos residentes que “falam estrangeiro”, sem profecia de qualquer espécie nem adivinhação empírica, “penso de mim para mim”:
- O que esperar dos ”novos barrilenses”, que “falam estrangeiro”, alguns com apetência de viajantes, sem poiso certo, outros, na maioria reformados, a caminho de uma outra viagem para parte incerta, sem retorno? Os novos proprietários terão seguidores nesta aventura, longe do seu país de origem?
Pelo “andar da carruagem”, olhamos e damos conta que “o comboio”, com paragem no apeadeiro do Barril de Alva, transporta pouco sangue novo - sem a aragem da juventude irreverente e criativa não existe o futuro que se deseja!
… A não ser que o título da publicação brasileira de 1932 seja uma premonição.


Carlos Ramos


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

"Cuca", como os barrilenses





No currículo de Maria Isabel Rebelo Couto Cruz
 Roseta nada consta sobre eventuais ligações à
Beira Serra, concretamente ao Barril de Alva, onde nasci. É por isso que tenho o “cognome” de  “Cuco”- eu e todos os que vieram ao mundo neste território bonito de ver.
Desconheço as origens  do epíteto “Cuco”, como os  naturais  de Coja questionam a razão de serem  conhecidos por “Bezerros", os de Arganil apelidados de “Pintassilgos”, “Corvachos” os de Vila Cova de  Alva...  etc, etc.
Maria Isabel Rebelo Couto Cruz Roseta também é “Cuca”, Cuca Roseta,  cantora.
A coincidência dos cognomes tem a sua graça.
Certa vez nasceu a ideia “brilhante” de nomear Cuca Roseta “embaixadora” dos “Cucos”  barrilenses. Por ser “Cuca”!
No devido tempo seguiu a "carta", via correio eletrónico, onde se argumentava a ousadia do convite, propondo-lhe uma visita “oficial” ao Barril de Alva  em dia de aniversário  da extinta freguesia. Nesse dia, com pompa e circunstância, Cuca Roseta seria “adotada” como “filha” do Barril de Alva.
Sendo de festa, o dia, a “nossa” Cuca Roseta por certo guardaria na memória recordação a condizer com a importância da sua honrosa participação na efeméride.
…Como se sabe, nem todas as cartas têm resposta.

Carlos Ramos
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Adaptação da croniqueta publicada no dia 18 de junho de 2020 no blogue "Sarabanda"

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Percebe-se que o Barril de Alva “está na moda”


Eu e o “Bello”, o cão, companheiro de caminhadas pelas ruas do meu sítio, de manhã e ao fim do dia, damos preferência aos percursos pouco sinuosos, ao contrário de quem escolhe o sobe e desce dos carreiros de pé posto e outros caminhos de terra batida.
Quase nunca nos cruzamos com outros seres humanos, mas pelas obras que se vislumbram aqui e ali, percebe-se que o Barril de Alva “está na moda” no que à aquisição de casas devolutas diz respeito. E ainda bem, ganhamos (quase) “todos”: quem vende e quem compra, o comércio local, as zonas de lazer e a aldeia, que aumenta o número de residentes. A troca de experiências culturais com os “novos barrilenses”, vindos de outros países, pode ser enriquecedora - “basta querer” esse tipo de partilha, tendo em conta o respeito por hábitos e costumes das diferentes comunidades.
A aldeia, em si, também merecia outros “ganhos”: se a comunidade estrangeira tivesse a maioria dos seus integrantes com a residência perfeitamente legalizada, assumiriam direitos e deveres, fariam parte dos cadernos eleitorais, contribuindo deste modo para “sonharmos” com a aplicação da Lei n.º 39/2021, de 24 de junho, que define o regime jurídico de criação, modificação e extinção de freguesias e revoga a Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro (de má fortuna para o Barril de Alva), que procede à reorganização administrativa do território das freguesias.
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Volto ao começo desta croniqueta sobre caminhadas – (…) pelas obras que se vislumbram aqui e ali, percebe-se que o Barril de Alva “está na moda” . 
Um exemplo de bom gosto:
- Acompanhei a construção de raiz do “ninho” do jovem casal barrilense José Garcia / Ana Rocha, o que permitiu “adivinhar” as suas noções estéticas. Moderna e funcional, a nova “casa cor-de-rosa”, vizinha de uma outra, agora decrépita mas ainda imponente, impõe-se na paisagem da meia encosta com uma vista soberba para a Serra do Açor.
Precisamos - o Barril de Alva precisa! - de gente nova capaz de criar condições que permitam a sua fixação na "ex/futura freguesia" do Barril de Alva…
- Sonho? Sonho – “… é uma constante da vida / tão concreta e definida / como outra coisa qualquer…” – António Gedeão, “Pedra Filosofal”.
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Carlos Ramos