Alberto
Moura Pinto
Nasce em Coimbra, no dia 4 de
Abril de 1883, registado como o nome de Alberto Marques. Cursa Direito na Universidade
de Coimbra. No período monárquico desempenha o cargo de Administrador Régio do
Concelho de Arganil e de Procurador Régio, em Miranda do Douro e São João da
Madeira. Mação, está inscrito na Loja Tenacidade, de Coimbra, com o nome de
Passos Manuel. Em 1910, participa nas movimentações para a implantação da
República, cooperando na Junta Revolucionária de Coimbra. Como deputado,
integra as Constituintes de 1911, representando o Círculo de Arganil e cumpre mandatos
sucessivos na Assembleia, pelo Partido Unionista, envolvendo-se numa célebre
polémica com Veiga Simões, tendo, como pano de fundo, a ida do caminho-de-ferro
para Arganil. Com a ascensão de Sidónio Pais, Moura Pinto exerce o cargo de
Ministro da Justiça, entre 11 de Fevereiro de 1917 e 7 de Março de 1918. É
responsável pela alteração da Lei da Separação entre a Igreja e o Estado.
Em
desacordo com a ditadura militar, participa na rebelião de Junho de 1930, tendo
sido preso e deportado para os Açores. No ano seguinte, aproveitando a
possibilidade de fuga durante a Revolta de 1931, parte para Espanha onde, com Jaime de Morais e Jaime Cortesão, formam o “Grupo
de Madrid”, alcunhados de “Budas”.
Em
1934, uma mudança política em Espanha coloca a direita no poder; os socialistas
projectam um golpe, com o auxílio dos exilados portugueses e das armas que, até
então, lhes eram fornecidas com o beneplácito do regime deposto. Descoberta a
trama, Moura Pinto é enviado para a Prisão Modelo, em Madrid, entre 1934 e
1935. Em 1936, com a vitória da Frente Popular, seguida do golpe de Franco e da
Guerra Civil, os Budas declaram a sua fidelidade à República de Espanha, participando
na luta contra Franco. O grupo acompanha a mudança do governo republicano para
Barcelona, de onde Moura Pinto é transferido para a França; aí actua em prol
dos republicanos, buscando auxílio para
o Plano Lusitânia, que pretendia organizar uma invasão de Portugal pelos resistentes
portugueses para acabar com o regime de Salazar e sua colaboração com o
franquismo. O avanço das tropas franquistas põe fim ao intento dos exilados lusos.
Em
1939, Moura Pinto é obrigado a buscar refúgio no Brasil, na iminência de ser
deportado para Portugal, depois de ter sido preso em território francês por
estar irregular no país. Com a chegada ao Brasil de Cortesão e Morais,
prossegue a sua actividade como oposicionista, integrando o Comité Português Anti-Fascista,
criado no Rio de Janeiro em 1945. Neste período, retoma os contactos com os republicanos
espanhóis exilados, nomeadamente
com o sector galego, comandado por Castelão,
a quem os Budas entregam uma credencial para que ele possa representar os
exilados portugueses na Assembleia das Nações
Unidas. Estabelece contactos como o Movimento de Unidade
Democrática, fazendo publicar, em jornais brasileiros, diversos textos contra o
regime de Salazar. Durante a campanha de Norton de Matos é o encarregado da
angariação de fundos junto dos anti-salazaristas a residir naquele país. Na década
de cinquenta, Moura Pinto participa nos debates sobre o problema colonial e o
posicionamento de Portugal na questão da Goa. Regressa a Portugal em 1957. Com Jaime Cortesão, antigo
companheiro de exílio, apoia com relutância a candidatura de Humberto Delgado.
Faleceu a 9 de Março de 1960.
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