quinta-feira, 19 de abril de 2018

Urtigal - apesar de tudo, o verde da esperança


Seis meses depois da catástrofe ambiental, voltei ao Urtigal.
A caminhada estava prometida, de mim para mim, ao jeito de quem vai em romagem de saudade a um pequeno paraíso, agora e ainda com a paisagem pintalgada de matizes castanhos, pretos e cinzentos. O verde, apesar de tudo, voltou em força - sinal de esperança no futuro, que se “reivindica” à mãe Natureza.
O rio, de corpinho bem feito, mas um pouco anafado, acomoda-se no leito e vai apressado - terá as suas razões, o Mondego espera-o em Porto da Raiva.
O som grave da água, quando salta o caneiro, sobressai no palco, que é o Urtigal, mas faltam as “vozes” dos intérpretes das maviosas melodias. Espera-se que a ausência dos passarinhos cantores (sobretudo o rouxinol) seja passageira, como a  nuvem   do Hermes Aquino, o artista/cantor.
Da comunidade residente no rio, o Alva nada diz, guarda segredo; mesmo de cócoras, à beirinha da água, não consegui ver um barbo, por mais pequenote que fosse – eles, como gostam de águas fundas e rápidas, estão camuflados e longe das vistas dos curiosos.
A descer, foi fácil; subir a encosta, nem um pouco. Do alto, durante mais uma curta paragem, fico de frente para o rio, que me parece bem mais apertadinho e pouco apressado na curva, junto à fonte de águas cristalinas, de bica cheia, como se fosse inverno …
Um dia volto, prometo, com a certeza de que, infelizmente,  não será tão breve como desejo o retorno  do Urtigal do passado recente…
Há feridas que o tempo, e alguns pensos rápidos, cicatrizam. Vai faltar-me esse tempo.

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