Seis
meses depois da catástrofe ambiental, voltei ao Urtigal.
A
caminhada estava prometida, de mim para mim, ao jeito de quem vai em romagem de
saudade a um pequeno paraíso, agora e ainda com a paisagem pintalgada de
matizes castanhos, pretos e cinzentos. O verde, apesar de tudo, voltou em força
- sinal de esperança no futuro, que se “reivindica” à mãe Natureza.
O
rio, de corpinho bem feito, mas um pouco anafado, acomoda-se no leito e vai apressado
- terá as suas razões, o Mondego espera-o em Porto da Raiva.
O
som grave da água, quando salta o caneiro, sobressai no palco, que é o Urtigal,
mas faltam as “vozes” dos intérpretes das maviosas melodias. Espera-se que a
ausência dos passarinhos cantores (sobretudo o rouxinol) seja passageira, como a nuvem do Hermes Aquino, o artista/cantor.
Da
comunidade residente no rio, o Alva nada diz, guarda segredo; mesmo de cócoras,
à beirinha da água, não consegui ver um barbo, por mais pequenote que fosse – eles,
como gostam de águas fundas e rápidas, estão camuflados e longe das vistas dos
curiosos.
A
descer, foi fácil; subir a encosta, nem um pouco. Do alto, durante mais uma curta
paragem, fico de frente para o rio, que me parece bem mais apertadinho e pouco apressado
na curva, junto à fonte de águas cristalinas, de bica cheia, como se fosse
inverno …
Um
dia volto, prometo, com a certeza de que, infelizmente, não será tão breve como desejo o retorno do Urtigal do passado recente…
Há
feridas que o tempo, e alguns pensos
rápidos, cicatrizam. Vai faltar-me esse tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário