sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A lenda do rio Alva

A localidade de Pombeiro da Beira tem na sua história uma disputa entre três rios, o Mondego, o Alva e o Zêzere, todos nascidos na Serra da Estrela. Estes três rios envolveram-se um dia numa grande discussão sobre quem seria o mais valente e acertaram numa corrida que esclareceria a questão: quem chegasse primeiro ao mar seria o vencedor.
O Mondego levantou-se cedo e começou a deslizar silenciosamente para não atrair as atenções. Passou pela Guarda e pelas regiões de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim e pela Raiva, onde se fortaleceu junto dos ribeiros seus primos, chegando por fim a Coimbra.
O Zêzere, que estava atento, saiu ao mesmo tempo que o seu irmão. Oculto, por entre os penhascos, foi direito a Manteigas, passou a Guarda e o Fundão, mas logo depois se desnorteou e, cansado, veio a perder-se nas águas do Tejo.
O Alva passou a noite a contar as estrelas, perdido em divagações de sonhador e poeta. Quando acordou, era já muito tarde mas ainda a tempo de avistar os seus irmãos ao longe.
Tempestuoso, rompeu montes e rochedos, atravessou penhascos e vales, mas quando pensava que tinha vencido deparou com o Mondego, no momento que este já adiantado chegava ao mar. O Alva ainda tentou expulsar o seu irmão do leito, debatendo-se com fúria e espumando de raiva, mas o Mondego engoliu-o com o seu ar altivo e irónico.
Este lugar onde os dois rios lutaram ficou para sempre conhecido como Raiva, em memória da contenda entre os dois irmãos.
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3 comentários:

Lourdes disse...

Num momento em que a net é alvo de tanta polémica pelo aproveitamnto negativo que alguns internautas fazem dela, eu vou aprendendo sempre algo novo. É o caso do seu post. Não conhecia esta lenda que diz respeito a um elemento da nossa região. Obrigada pela partilha.
Lourdes

Anónimo disse...

Parabéns e obrigado por esta publicação. Sou da zona, mas ja vivo longe a alguns anos...
Mas a nossa terra é sempre a nossa terra, e é tão linda!!!
Mais uma vez muito obrigado
Sónia

José Fernandes disse...

Amigo Carlos, não conhecia esta lenda. Realmente o Rio Alva, tem um percurso muito bonito. Com as canas de pesca e com o meu querido tio Zé Manel (que saudades tenho dele!!), percorremos as margens do Rio em busca do melhor sitio para, no mínimo, dar banho à minhoca, se o peixe não picasse. Tenho saudades do som da água a cair no caneiro do Colaço ou do Urtigal, da Maria Gil, com o seu pontão de madeira, ir para debaixo da ponte, pois junto ao pilar da margem do Barril, ainda se apanhava bons Barbos e Bogas. Da Santiosa, onde também passei bons momentos, a Moenda Velha, e o Porto, o Porto (ainda hoje não sei porque é que o meu Avô chamava aquilo de Porto!!!), recodo-me ainda que vagamente (já lá vão 49 anos) de passar lá uns tempos. Em direcção a Côja, também há sítio lindos. Acho que, se o paraíso existir, certamente terá uma cópia do Rio Alva e das suas margens.