sábado, 22 de abril de 2023

Breakfast in Barril de Alva



Os (novos) imigrantes

- A chegada de novos imigrantes à aldeia onde nasci, Barril de Alva, é um registo que tenho à mão e do qual dou fé com agrado.
Vieram de longe, investiram as suas poupanças - “coisa pouca”, quando a intenção é acomodar o repouso espiritual, que vale “fortunas de encanto e beleza”-, recuperaram casas modestas
e outras apalaçadas,
“com vistas largas”…
- Os (novos) imigrantes povoam a Beira Serra pelo deleite da geografia da região, usos e costumes, clima, e pelas gentes,
gentis e hospitaleiras,
solidárias,
teimosos e cabeçudos beirões  (*) - epiteto com que Miguel Torga definiu a crença e perseverança do povo serrano do seu tempo, pelo conhecimento profundo de quando exerceu medicina na região de Arganil e dela desfrutou com os “olhos da alma”,
límpidos de névoas,
que abarcavam o belo do todo com que a Natureza nos brindou.
Um dia, Torga, foi dizer adeus à serra do Açor:
“Com o protesto do corpo doente pelos safanões tormentosos da longa caminhada, vim aqui despedir-me do Portugal primevo. Já o fiz das outras imagens da sua configuração adulta. Faltava-me esta do ovo embrionário” (Piódão, 7 de abril de de 1991).
- Possivelmente, nem todos os imigrantes serão conhecedores da obra de Miguel Torga; em letra de forma, regressa a lembrança de um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX, com o intuito da sua descoberta pelos “novos barrilenses”, eventuais leitores deste registo.
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