Sou avesso à exposição de alfaias agrícolas e outros objetos enquanto regra, como se o passado estivesse reduzido ao trabalho rural, de sol a sol.
Todas as aldeias, como a minha, têm uma História que não pode ser contada apenas e só pela visão de um arado, de um ferro de engomar, de um prato recuperado com agrafos (chamavam-lhe "gatos"!), de um alcatruz, etc, etc - podia continuar a citar objetos usados pelos nossos antepassados, trazendo à memória um pouco da minha infância, repartida pela aldeia e umas quantas visitas a Almada, onde tinha familiares.
O
sonho ocupa-me a mente quando recortes da "Comarca de Arganil"
- com a bonita idade de mais de um século! - ou imagens como a que
escolhi para ilustrar esta croniqueta chegam às minhas mãos.
"Lavadeiras" - chamo-lhe assim porque a fotografia retrata a
ocupação de algumas mulheres durante determinado período do verão quando os
"senhores do Chiado" vinham passar férias ao palacete da
família Nunes dos Santos, agora em ruinas ( ou
quase…). Acrescento: os fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado,
de boa memória, eram naturais daqui, do Barril de Alva, uma aldeia maneirinha
nos seus 3,3 kms, bem servida de acessos e de outros pequenos
"luxos", que se orgulha do "seu" rio Alva e de
algumas das pessoas que por cá ergueram obra de relevo, a vários níveis,
tendo em vista o bem-estar do povo.
Dos
sonhos que, publicamente, ousei publicitar destaco um: fazer da sala Multiusos
AIACO, no edifício da antiga escola primária, uma sala de memórias, expondo documentos
que permitissem (re) descobrir as nossas origens e "conviver" com os antepassados
que, com “engenho e arte” ajudaram a crescer a aldeia onde nasci.
Ousar
o sonho é “fantasiar” o futuro incerto. Como perdi a “fantasia” de sonhar,
passo adiante…
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Croniqueta adaptada do texto publicada em novembro de 2011, com o título “Sala de Memórias” -http://ritualmente.blogspot.com/2011/11/sonho-uma-sala-de-memorias-o-nome-tem.html
1 comentário:
A ideia é genial! E porque não torná-la uma realidade? As gerações mais novas precisam de saber da história dos seus ancestrais. Das canseiras, alegrias e feitos de outros tempos, visto que nada sabem e pensam que tudo sempre foi como se agora apresenta...
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