Guardo a recordação de largos minutos de conversa sem rumo certo, embora o motivo que nos levou à fala fosse de importância coletiva, de toda uma comunidade.
Sem soluções no imediato, limitei-me aos argumentos de ocasião e fui deixando a promessa do meu empenho em levar a bom porto as justas reivindicações das duas senhoras, uma de cabelos da cor da neve, a outra com eles meio grisalhos.
Com a atenção dividida pelas duas, nem dei conta do tempo passar.
Com a atenção dividida pelas duas, nem dei conta do tempo passar.
As conversas estavam servidas numa taça Lalique, como as cerejas à sobremesa; foi por isso que a uma se seguiu outra, e outra, e outra! Desfrutei, pois, o momento que era único - será único, digo eu, porque faço de profeta quanto ao futuro…
Horas depois, agora, noite alta a entrar na madrugada, continuo com a agradável sensação de que, como a Samaritana, que Coimbra canta, ( “… que bem eu fiz, Senhor, em vir à fonte”) , também eu fiz bem em aceitar a conversa “…a las cinco de la tarde”, (apetece-me citar Garcia Lorca pela coincidência da hora e não pelo conteúdo do poema!…) – e vou trauteando o fado coimbrão, cuja mensagem bem pode ter alguma analogia com o que me vai no pensamento porque uso o adjetivo “plebeu” como identificação do que sou, e associo-o à “redentora” de cabelos grisalhos – não por ser quem é ou pela imensidão do sorriso que redimiu o meu dia, mas pelo efeito circunstancial de me deixar acordado na sensação agradável… de um fado!
Grave, grave, é imaginar que o sono tardará, e quando vier… talvez carregue sonhos do profeta com que me fiz na estória.
Como tomo umas quantas pílulas para manter o equilíbrio entre a “mínima e a máxima”, o ritmo cardíaco deve estar “normalizado” pela manhã, digo eu, mas nunca fiando!
… Pelo sim, pelo não, uma médica à distância de uma consulta vinha mesmo a calhar!
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